A Ucrânia acusou a Rússia, nesta quinta-feira, de usar bombardeiros estratégicos para atacar um navio graneleiro civil com mísseis no Mar Negro, próximo à Romênia, membro da OTAN. O incidente elevou ainda mais as tensões entre Moscou e a aliança militar ocidental.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, afirmou que o navio, transportando grãos da Ucrânia para o Egito, foi atingido durante a noite por um míssil russo logo após sair das águas territoriais ucranianas. Felizmente, não houve vítimas.
Reações internacionais ao ataque no Mar Negro
O embaixador dos EUA na Ucrânia condenou veementemente o ataque, responsabilizando diretamente a Rússia. Além disso, um porta-voz da ONU classificou o incidente como um “lembrete gritante” das ameaças que embarcações civis ainda enfrentam no Mar Negro.
Até o momento, não houve comentários oficiais por parte da Rússia.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, descreveu o ataque como “um ato descarado contra a liberdade de navegação e a segurança alimentar global”. A Marinha ucraniana relatou que bombardeiros russos Tupolev Tu-22 lançaram vários mísseis de cruzeiro às 23h02, horário local (2002 GMT) de quarta-feira.
Este é o primeiro ataque registrado a um navio civil transportando grãos no mar desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022. Até então, ataques russos aos portos ucranianos danificaram alguns navios.
Zelenskiy busca apoio internacional em meio à escalada de ataques
O ataque ocorre em um momento em que Zelenskiy busca apoio de países do Sul Global, como o Egito, e tenta convencê-los a apoiar a Ucrânia no conflito. O Egito era o destino dos grãos, de acordo com as autoridades ucranianas.
Este incidente coincide com discussões entre os aliados da OTAN sobre permitir que a Ucrânia realize ataques mais profundos no território russo. Moscou já alertou que tais ações provocariam uma resposta. Além disso, o Ocidente acusa o Irã de contribuir com a escalada do conflito ao fornecer mísseis balísticos à Rússia.
A empresa britânica de segurança marítima Ambrey informou que o graneleiro atingido, com bandeira de São Cristóvão e Névis, sofreu danos no lado do porto após ser atingido por um míssil russo logo após deixar o porto ucraniano de Chornomorsk, na região de Odessa. Entre os danos, um porão de carga e um guindaste foram afetados.
A Marinha ucraniana identificou o navio como o graneleiro Aya.
A embaixadora dos EUA, Bridget Brink, expressou sua condenação no X (antigo Twitter), afirmando que o ataque da Rússia a um navio comercial no Mar Negro é uma “violação flagrante do direito internacional” e representa uma ameaça à segurança alimentar global.
O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, reforçou que ataques a embarcações civis e à infraestrutura portuária são proibidos pelo direito internacional e devem ser interrompidos. Ademais, ele destacou a importância de garantir a segurança das exportações agrícolas pelo Mar Negro, essenciais para a estabilidade dos preços globais de alimentos.
Enquanto isso, dados de rastreamento de navios indicaram que a última posição conhecida do navio estava próxima ao porto romeno de Constanta. A empresa gestora do navio, VRS Maritime Services, não pôde ser contatada imediatamente para comentar.
Impacto nos preços do trigo
Além disso, especialistas do mercado relataram que o ataque contribuiu significativamente para o aumento dos preços do trigo, principalmente devido ao temor de uma restrição nas exportações na zona do Mar Negro. Como resultado, os futuros do trigo nos Estados Unidos subiram até 2%, atingindo o maior pico dos últimos dois meses.
Posteriormente, Zelenskiy compartilhou imagens nas redes sociais, mostrando os danos ao guindaste e a outros equipamentos do navio.
Fontes da indústria revelaram à Reuters que o ataque ocorreu próximo à foz do rio Danúbio. O porta-voz da Marinha ucraniana, Dmytro Pletenchuk, confirmou que o navio estava na zona econômica marítima da Romênia. No entanto, a Autoridade Naval da Romênia informou que o navio não estava em suas águas territoriais e que ninguém solicitou assistência.
Zelenskiy afirmou no X: “O trigo e a segurança alimentar nunca deveriam ser alvos de mísseis.”
Desde o início da invasão russa, a Ucrânia, um dos maiores exportadores de grãos do mundo, vem enfrentando desafios para retomar suas exportações marítimas. Em agosto de 2023, a Ucrânia estabeleceu um corredor de navegação próprio, sem aprovação russa, utilizando drones navais e armas de longo alcance para afastar a Frota Russa do Mar Negro.
Esse corredor marítimo segue pela costa ocidental do Mar Negro, contornando as águas ucranianas e passando pela Romênia e Bulgária.
Fonte: Notícias Agrícolas