USDA vê safra recorde de soja do Brasil em 2020/21 acima de 130 milhões de toneladas.
A soja, principal cultura do agronegócio brasileiro, tem ganhado cada vez mais importância no cenário nacional e internacional. Com seu alto percentual de proteína, é consumido em larga escala para nutrição animal e vem ganhando cada vez mais espaço na alimentação humana.
“Da China eu vim e é pra lá que eu vou”.
A China, país de origem da soja, é hoje o maior importador da oleaginosa. Em 2020, a gigante asiática importou aproximadamente 20 milhões de toneladas (Mt), e nos últimos 20 anos mais que quadruplicou esse volume, importando hoje mais de 85 Mt. E nesse mesmo período, o Brasil, EUA e Argentina eram e continuam sendo os principais produtores e exportadores do mundo.
O Brasil começa a se destacar no final da década de 70, produzindo modestos 10 Mt. Hoje são mais de 120 Mt ao ano, o que torna o Brasil o maior produtor de soja do mundo. A oleaginosa representa quase 50% dos 250 milhões de grãos a serem produzidos no país, segundo os últimos dados divulgados pela CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento).
Os recordes não param por aí. O ano de 2020 chegou com o dólar a R$ 4,00, incertezas climáticas, acordo comercial entre EUA e China, alastramento do coronavírus, fechamento de portos e queda das bolsas, e no meio de toda essa confusão, o real se desvalorizou significativamente e o preço da soja na bolsa despencou, tornando o preço da oleaginosa Brasileira muito atrativo para o mercado externo. Nunca foi exportada tanta soja como nesse primeiro semestre do ano. Em março, foram mais de 10 Mt e em abril e maio passamos dos 15Mt.
Confira abaixo algumas imagens* dos navios de soja brasileira em direção à China.
*Fonte: Refinitive Eikon, twitter @kannbwx
Todos os acontecimentos mencionados anteriormente deram a muitos produtores motivos para comemorar, mas o mercado interno sofreu muito com a alta do preço da soja que, consequentemente, também elevou os preço do farelo de soja, que são usados em larga escala para nutrição animal. Com a alta dos preços, os criadores foram obrigados a procurar opções alternativas como farelos de amendoim e algodão que, por estarem na entre safra de suas culturas e com significativa alta da demanda, também tiveram aumento considerável nos preços.
O Rio Grande do Sul que chegou a ter uma projeção de produção para este ano de aproximadamente 19 milhões de toneladas, mas devido ao clima, infelizmente sofreu uma quebra de safra enorme que fez com que a reduzida safra deste ano ficasse em torno de 10 milhões de toneladas.
Quem ainda vê o agronegócio como fazendas sem infraestrutura e/ou tecnologia, precisa se atualizar urgentemente. Os investimentos no desenvolvimento do agro brasileiro tem sido imensos e, se comparado aos Estados Unidos, estamos adiantados, como disse Daniel Huber, renomado consultor do agronegócio americano, durante sua palestra no Summit do Agronegócio 2019, evento realizado pelo Estadão em São Paulo.
Hoje o agronegócio atrai o público jovem, Fintechs e Startups. A Mecanização conta com tecnologia de ponta, utilizando maquinários movidos por computadores, drones para o combate às pragas, monitoramento da umidade do solo, entre muitas outras ferramentas. Os agricultores estão se especializando cada vez mais para lidar com os mecanismos de hedge como contratos futuros, mercado de opções e barter (troca de insumos por grãos), que ajudam na proteção financeira mediante as flutuações do mercado.
Com todos esses investimentos em tecnologia e um aumento de interesse por parte dos agricultores em produzir soja, devido a sua alta liquidez, a produção vem crescendo e quem sabe no ano que vem, com condições climáticas favoráveis no país inteiro, alcancemos o recorde de 130 milhões de toneladas colhidas.
Por: Frederico Lampe | Aboissa Commodity Brokers
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