Imagem: Pixabay
As cotações do trigo em Chicago recuaram mais nesta semana, com a quinta-feira (25) fechando em US$ 6,12/bushel, no primeiro mês cotado, contra US$ 6,30 uma semana antes. Lembrando que no final de fevereiro a mesma chegou a US$ 6,80. A cotação deste dia 25/03 é a mais baixa dos últimos três meses.
As exportações estadunidenses de trigo somaram 648.485 toneladas na semana anterior, superando as expectativas do mercado. No acumulado do ano comercial o volume chega a praticamente 20 milhões de toneladas exportadas, ficando apenas 0,7% abaixo do registrado um ano antes. Também aqui o mercado espera o relatório de intenção de plantio nos EUA, previsto para o dia 31/03. E no Brasil, os preços se mantêm firmes. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 78,08/saco, superando o preço médio de mercado do milho. No Paraná, os preços do trigo giraram entre R$ 80,50 e R$ 81,00/saco.
Com as dificuldades impostas pelo novo isolamento social, em praticamente todo o Brasil, o mercado se coloca em compasso de espera. Existe uma expectativa de que a demanda melhore com a saída do novo auxílio emergencial a partir de abril. Entretanto, como a safra nacional foi novamente ruim em 2020, e as importações estão caras devido ao câmbio e às cotações internacionais, o preço interno no trigo não cede. Isto não impede que o mercado produtor tenha preocupações quanto aos preços para a nova safra, caso a mesma venha cheia. Neste sentido, campanhas de consumo em favor do trigo nacional estão sendo feitas, caso do Rio Grande do Sul. Afinal, segundo o Censo Agropecuário de 2017 (IBGE), 19.716 propriedades rurais gaúchas cultivavam trigo, havendo expectativa de que, nesta safra, o plantio supere a um milhão de hectares, algo que não se vê desde 2014.
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Enfim, em termos de mercado, o maior lucro com o trigo da safra 2020/21 se deu em novembro do ano passado. Segundo a TF Agroeconômica, no início de novembro passado o preço médio do trigo no Paraná estava em R$ 84,10/saco. Já o custo médio variável atingia a R$ 45,58/saco. Agora em março, o preço médio atinge a R$ 90,61/saco, enquanto o custo variável médio subiu para R$ 57,11/saco. Assim, em novembro sobrava R$ 38,52/saco, enquanto agora em março sobra R$ 33,50, mesmo com a alta do preço neste período. Todavia, para que a análise seja efetiva a venda do trigo e a compra dos insumos teria que se dar na mesma época.
Dito isso, o mercado esperava preços bem mais elevados neste momento diante da quebra da safra e dos altos custos de importação do cereal. No entanto, está ocorrendo uma forte redução no consumo, com os moinhos reduzindo sua moagem em 40%, diante das indefinições da nova onda pandêmica do coronavírus Covid-19 no Brasil. Neste contexto, muitos moinhos estão alongando seus estoques ao invés de comprarem mais produto.
Em paralelo, a realidade do mercado argentino, grande fornecedor do cereal para o Brasil, é de que os preços locais teriam pouco espaço para subir neste restante de ano. O motivo seria que o setor exportador argentino já praticamente cumpriu com sua cota de embarques, enquanto o governo continua pressionando para controlar os preços internos do cereal. Assim, ainda há muito trigo em mãos dos produtores (mais de 8 milhões de toneladas), fato que segura os preços locais.
Esta situação, mais adiante, pode forçar também para baixas nos preços do trigo brasileiro, caso a futura safra nacional confirme um aumento de área semeada e a produção, desta vez, venha normal. Além disso, não se pode esquecer que o Real tende a se valorizar até o final do ano, devido ao aumento do juro básico, fato que diminuiria o custo de importação.
*INFORMAÇÕES SÃO DO RELATÓRIO DA CENTRAL INTERNACIONAL DE ANÁLISES ECONÔMICAS E DE ESTUDOS DE MERCADO AGROPECUÁRIO
Por: Aline Merladete | Agrolink