O setor de carnes teve um volume recorde de exportações em 2019. A associação que representa os frigoríficos exportadores de carne (Abiec), disse nessa terça-feira (10), que o país exportou 1,83 milhão de toneladas; uma alta de 11,3% na comparação com o desempenho de 2018. O mercado internacional chegou à participação histórica de 25% do total produzido pela cadeia produtiva no Brasil.
Segundo o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Alceu Moreira (MDB-RS), o aumento da receita de embarques para o mercado asiático foi puxado pelas carnes bovina, de frango e suína, que geraram US$ 1,6 bilhão, 22,1% mais que o mesmo período de 2018. “As exportações para o mundo a fora está viabilizando a economia da agricultura no Brasil. Um pecuarista que mantinha o boi no pasto (2 hectares) no período de 4 anos para fazer o abate, agora com mais renda ele consegue fazer o mesmo manejo em dois anos – no espaço de 6 metros quadrados da propriedade,” explicou.
Moreira diz que os preços da proteína animal em 2020 devem diminuir em relação a outubro e novembro, quando registrou alta histórica de 34,04% no mês e chegou a R$ 228,80 o preço da arroba do boi, mas deve seguir em alta em relação ao período de janeiro e setembro – quando a carne estava a mais de 10 anos sem aumento. “Não vai ficar nos patamares do momento de oscilação maior (outubro e novembro), mas não vai voltar aos preços de antes. O preço da carne vai encontrar um ponto de equilíbrio”, completou.
“Não adianta nós segurar toda inflação, ter alimento barato e com isso ter que endividar produtor para fazer o manejo do rebanho. Estamos vivendo um momento de crescimento no agro brasileiro e precisamos de renda, com isso vai ser mais carne na mesa do consumidor e o impacto vai chega até o fortalecimento do pé da pirâmide (agricultura) com alta nos índices do PIB da economia do país,” finalizou o deputado.
China puxa bom desempenho – no acumulado entre janeiro e novembro, o Brasil exportou para o país asiático 410.444 toneladas – crescimento de 39,5% em relação ao registrado em igual período de 2018. “A China puxou a fila do bom desempenho, o Brasil enviou a proteína animal para 154 países,” disse Antônio Jorge Camardelli, presidente da Abiec.
Em 2019, a cada 100 quilos de carne brasileira embarcada para o exterior, 24,5 quilos foram destinados aos chineses. Já em receita, o aumento foi de 59,75%, chegando a US$ 2,171 bilhões. “A alta se intensificou a partir de outubro e tem a ver, em parte, com o problema sanitário que atingiu a criação de suínos no país,” enfatizou Camardelli.
Exportações em 2020 – a projeção da Abiec para o ano que vem é que os volumes exportados avancem 13% e cheguem assim a 2,067 milhões de toneladas. Já o faturamento pode crescer 15%, com receita de US$ 8,5 bilhões.
Segundo o Ministério da Agricultura mais 13 plantas frigoríficas brasileiras oram habilitadas no país, em novembro, para vender carnes ao mercado internacional. Foram habilitadas cinco plantas de carne bovina, cinco de suínos e três de aves. “Temos tudo para entregar ao mundo nossa produção,” disse a ministra, Tereza Cristina.
Os cinco frigoríficos de carne suína estão no Rio Grande do Sul, além de uma unidade de carne bovina. São Paulo e Mato Grosso tiveram, cada um, duas unidades habilitadas pelos chineses. Os demais frigoríficos que podem exportar para a China ficam em Goiás, no Mato Grosso do Sul e no Paraná.