Imagem: Pixabay
O mercado brasileiro de milho teve um ano de 2020 de fortes valorizações nos preços, que atingiram patamares recordes em reais. As cotações subiram especialmente diante de uma intensa demanda interna e externa, do dólar valorizado, de uma oferta controlada pelos vendedores e de preocupações produtivas.
O consultor de SAFRAS & Mercado, Paulo Molinari, ressalta que o ano de 2020 iniciou com a expectativa de altas no primeiro semestre e preços mais acomodados no segundo. “Isto em função novamente de uma safra de verão pequena e uma safrinha recorde. Então, chegou a pandemia e os mercados mudaram completamente de ambiente”, salientou. O real saltou a R$ 6.00 e manteve a sua desvalorizacão ao longo do ano.
Molinari observa que, em um primeiro momento, os mercados de commodities sofreram forte impacto e tiveram preços em fortes quedas no exterior e no mercado interno. “Porém, em seguida se notou que a demanda de alimentos não caiu e até pode ter crescido”, ponderou. O Brasil foi o mercado que não fechou para o comércio e o mundo conseguiu se abastecer diante das excelentes exportações brasileiras, destaca.
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A China foi o destaque no setor carnes brasileiro e mundial, avalia o consultor. “Talvez, se a China não tivesse comprado os volumes que comprou do Brasil na carne bovina e suína a situação seria bastante diferente. Mas, esta demanda no setor carnes na exportação brasileira deu suporte à produção do setor, a qual deu amparo à demanda interna de farelo de soja e milho”, analisou Molinari.
Sobre a oferta, uma pequena quebra na safrinha em 2020, no Mato Grosso do Sul e Paraná, bem como nos Estados Unidos, consolidou um mercado de exportação para o Brasil perto de 34 milhões de toneladas. O volume ficou abaixo de 2019, mas ainda em ótimo patamar, comenta Molinari. Esse fluxo bom reduziu naturalmente a oferta interna. E quando a colheita da safrinha iniciou, os produtores brasileiros decidiram reter parte da produção, gerando suporte para altas fortes nos preços do cereal.
Assim, indica Molinari, “diante da volatilidade cambial interna, com produtores inseguros quanto aos acontecimentos em meio à pandemia, demanda firme, câmbio desvalorizado e retenção por parte dos produtores, os preços do milho atingiram recordes em reais em 2020”.
No balanço de 2020, o preço do milho na base de compra no Porto de Santos subiu de R$ 41,00 para R$ 74,00 a saca, acumulando uma elevação de 80,5%.
Já no mercado disponível ao produtor, o preço do milho em Campinas/CIF subiu na base de venda no comparativo anual até esta terça-feira (22) de R$
49,00 para R$ 78,00 a saca, valorização de 60% no acumulado. Na região Mogiana paulista, o cereal avançou no comparativo de R$ 46,50 para R$ 78,00 a saca, elevação de 68,4%.
Em Cascavel, no Paraná, no comparativo do ano, o preço avançou de R$ 44,00 para R$ 72,00 a saca, incremento de 64,4%. Em Rondonópolis, Mato Grosso, a cotação subiu de R$ 40,00 para R$ 64,00 a saca, valorização no acumulado do ano de 59,5%. Já em Erechim, Rio Grande do Sul, houve aumento de preço de R$ 46,00 para R$ 81,00, alta de 78,7% em 2020.
Em Uberlândia, Minas Gerais, as cotações do milho subiram no ano de R$ 49,00 para R$ 70,00 a saca, aumento de 46%. Em Rio Verde, Goiás, o mercado teve incremento no acumulado do ano de 62,8%, passando de R$ 42,00 para R$ 68,00 a saca.
Por Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS