Os preços do milho continuam estagnados no Brasil, segundo dados da análise semanal da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (CEEMA). A média gaúcha fechou a semana em R$ 51,57/saco, enquanto as principais praças locais permaneceram em R$ 50,00. Já nas demais regiões brasileiras os preços oscilaram entre R$ 37,00 e R$ 55,00/saco. Vale destacar que, em muitas regiões, o milho safrinha vem enfrentando problemas climáticos no Centro-Sul brasileiro. Dentre elas estão o Paraná, o sul do Mato Grosso do Sul e sul de São Paulo. Nessas áreas, as perdas de produtividade já são consideradas uma certeza pelos produtores. Já o milho verão estaria colhido em 82% da área no final de março, conforme a AgRural, sendo que no Rio Grande do Sul a mesma atingia a 76% da área, contra 72% na média histórica, de acordo com a Emater/RS.
Em tal contexto nacional, há recuo nas estimativas de colheita final brasileira de milho, com a safra de verão devendo alcançar 24 milhões de toneladas, incluindo o Norte/Nordeste, ou seja, 13,7% a menos do que o registrado no ano anterior. Já a segunda safra alcançaria 90,9 milhões de toneladas, ou seja, 16,3% abaixo do registrado no ano anterior. Assim, no total das duas safras o volume final chegaria a 114,9 milhões de toneladas, ou 15,8% abaixo do colhido no ano anterior. Em regiões do oeste do Paraná, há propriedades com 100% de perdas no milho e muitas com 50%, segundo a Datagro Grãos.
Queda na safrinha de milho e impactos no mercado brasileiro
Para alguns analistas, a safrinha não passará de 85 milhões de toneladas neste ano. Com isso, a produção total do cereal, no Brasil, recuaria mais de 20 milhões de toneladas em 2023/24, de acordo com o Brandalizze Consulting. De forma geral, o mercado espera uma safrinha entre 85 e 96 milhões de toneladas. Além do clima, as pragas igualmente estão atacando os milharais de muitas regiões, tais como a cigarrinha e a mosca branca.
Enfim, segundo o Imea, o Mato Grosso deverá consumir 14,7 milhões de toneladas de milho, especialmente na fabricação de etanol. Este volume, se confirmado, será 6,3% superior ao realizado no ano anterior. Somente com a fabricação de etanol o volume poderá chegar a 11,6 milhões de toneladas. Por outro lado, a demanda de outros Estados, pelo milho mato-grossense, deverá cair 22,1% e ficar em 4,54 milhões de toneladas, assim como as exportações que devem recuar 18,3%, sendo estimadas em 24,4 milhões de toneladas. Dessa forma, a expectativa de demanda pelo milho do Mato Grosso foi reduzida em 12,1%, ficando em 44,5 milhões de toneladas em 2023/24. Mesmo assim, diante da redução na produção, o estoque final de milho, no Mato Grosso, deverá recuar para 785.170 toneladas, ou seja, 61,1% menor do que o registrado no final de 2022/23.
Já no Mato Grosso do Sul, segundo a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul), o plantio da safrinha atingiu, neste início de abril, a 83,7% da área esperada, estando em linha com o ocorrido no ano anterior, sendo que 73% das lavouras estavam boas, 16% regulares e 10% ruins. No total, o Estado sul-matogrossense semeará uma área de 2,2 milhões de hectares, ou seja, 5,8% abaixo do registrado em igual momento do ano anterior. A produtividade média prevista é de 86,3 sacos/hectare, com redução de 14,2% sobre o ano anterior. Com isso, prevê-se uma colheita de 11,4 milhões de toneladas, ou seja, 19,2% abaixo do registrado no ano anterior.
Fonte: Seane Lennon | Agrolink