Mato Grosso registrou um superavit externo de US$ 7,24 bilhões nesse primeiro semestre. O volume coloca o comércio exterior mato-grossense em destaque, apresentando o segundo maior do país, apesar da queda de 4,2% em relação ao ano passado, sendo superado apenas por Minas Gerais.
No ranking das exportações estaduais, no período Mato Grosso manteve a 6ª posição nacional, entre os principais estados exportadores do Brasil, contribuindo com 7,4% do montante total do país.
De janeiro a junho deste ano, as exportações mato-grossenses no somaram receita de US$ 8,04 bilhões registrando pequena queda, de 2,7%, em relação aos US$ 8,21 bilhões contabilizados em igual acumulado do ano passado, mas recuperando as importações, com crescimento de 22,4% no mesmo período. E é justamente a diferença entre as exportações e as importações, é que gera o saldo positivo, superávit da balança comercial estadual de US$ 7,24 bilhões. No ano passado, o saldo foi de US$ 7,56 bilhões.
Como chama à atenção o economista da PR Consultoria, Carlos Vitor Timo Ribeiro, no mesmo período de comparação, os embarques brasileiros somaram receita de US$ 107,71 bilhões, registrando crescimento de 19,3% em relação aos US$ 90,25 bilhões negociados de janeiro a junho do ano passado. “Desempenho bem positivo para a melhoria do ambiente de negócios e maior confiança empresarial. Já o superávit do país foi de US$ 26,21 bilhões, com forte aumento de 53% em relação ao ano passado, mesmo com o aumento de 7,3% nas importações, sinalizando um início de retomada da economia nacional e um alívio à crise”. Ele completa, explicando que no momento em que as importações aumentam, indicam que há intenção de investir na produção interna, o que abre novas frentes de trabalho, consequentemente gerando renda à população.
Sobre a composição da pauta estadual, Timo Ribeiro, destaca que nesse ano aumentou – a já – forte concentração dos negócios sobre produtos do agronegócio como soja, milho, carnes e algodão, que juntos respondem por 97,6% do total exportado, dos quais, 83% apenas com as vendas do complexo soja (grão, farelo e óleo), sendo o grupo de maior liderança.
PRODUTOS – As exportações do complexo soja totalizaram US$ 6,67 bilhões registrando crescimento de 14,3% em valor, por conta do aumento dos embarques físicos de soja em grão e de óleo de soja. As vendas externas de farelo, ao contrário registram queda em volume físico. “Fechamos o primeiro semestre respondendo por 32,6% do total dos embarques de soja em grão do país, por 37,3% do farelo, por 18,8% do óleo de soja e por 41% do volume exportado de farinha e pellets indicadores que mostram bem a importância dessa cadeia industrial instalada aqui no Estado”.
O valor exportado até março, de apenas US$ 503,54 milhões, se contrapõe aos US$ 1,54 bilhão do mesmo período do ano passado, uma forte retração de 67,5% por conta das vendas de milho que caíram de 7,26 milhões para apenas 1,68 milhão de toneladas. “Nesse ano, mesmo assim, estamos respondendo por 52,4% das vendas físicas de milho e por praticamente 85% de algodão do país, o que também nos credencia como importante player do agronegócio nacional”.
A carne bovina com US$ 494,52 milhões em faturamento vem sustentando a 3ª posição da pauta externa estadual, registrando aumento de 8,2% em valor e apenas 1,5% em volume, apesar do aumento de 6,5% no preço internacional.
As vendas de carne suína continuam se recuperando em valor, com crescimento de 34,6% por conta do aumento nas cotações internacionais de 34,6%. A carne de aves, ao contrário, acumulam retração de 19,7% em volume físico e em 15,9% em faturamento, mesmo com o aumento de 4,8% nos preços.
“O desempenho do complexo carnes, apesar de um volume total positivo, está fortemente ameaçado pelos efeitos da ‘Operação Carne Fraca’ e pela delação criminosa dos donos da JBS, acontecimentos, que aliados aos problemas com a reação da vacina contra febre aftosa, ainda poderão trazer consequências negativas no decorrer do ano no segmento bovino”.
DE GANHO À PERDA – Outro ponto bastante pontuado pelo economista é a reversão do chamado ‘efeito cambial’ sobre o faturamento da pauta. Como explicou, o efeito do câmbio, até junho, inverteu a direção e agora impõe uma “perda” de R$ 1,04 bilhão, por conta da apreciação de 3,8% do dólar frente ao real. “Com o dólar médio de junho desse ano, R$ 3,290, as exportações totalizam R$ 26,47 bilhões, contra R$ 27,51 bilhões com o dólar médio de junho do ano passado, em R$ 3,420. A perda da cotação da moeda sinaliza a diferença negativa de R$ 1,04 bilhão que denominamos “perda cambial” com reflexos negativos para a economia mato-grossense, que tem nas exportações, contribuição expressiva na formação histórica do PIB estadual. As perdas tiraram cerca de R$ 1,04 bilhão de circulação da economia local”.
Fonte: Agrolink