O processamento de mandioca pela indústria de fécula caiu 41,7% no primeiro semestre de 2017 (786,2 mil toneladas) em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Como consequência, a produção de fécula recuou 41% no mesmo período de comparação. Diferente de anos anteriores, há menor disponibilidade de lavouras para a colheita, que estão concentradas com poucos produtores, resultando em uma safra mais curta, com preços da mandioca em patamares elevados.
A cotação média da raiz neste primeiro semestre foi de R$ 502,75/t (R$ 0,8743/grama de amido), alta de 72% em comparação com o preço médio do mesmo período do ano passado, em termos reais. (deflacionamento pelo IGP-DI de junho de 2017).
De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), neste ano, a área a ser colhida com mandioca no Brasil deve ser de 1,36 milhão de hectares, 7,1% abaixo da registrada na safra passada. Quanto à produtividade, pode recuar 6,3% em 2017, com estimativa de 14,7 toneladas por hectare. Assim, a produção indicada pelo IBGE para este ano é de 20 milhões de toneladas, queda de 13% em relação ao total produzido em 2016 e o menor volume produzido desde a década de 1960.
Ainda segundo o IBGE, a produção industrial caiu no primeiro semestre deste ano, apesar de registrar leve recuperação em maio. Este cenário refletiu em menor demanda dos segmentos industriais, como de produtos alimentícios, bebidas, têxteis e de celulose e de produtos de papel e papelão. Além disso, a operação Carne Fraca, deflagrada pela polícia federal em março, levou à diminuição no consumo de fécula por parte dos frigoríficos. Cálculos do Cepea indicam que, na primeira metade deste ano, o consumo aparente de fécula foi de 260,2 mil toneladas, recuo de 24% em relação ao primeiro semestre do ano passado.
Neste cenário de demanda enfraquecida, indústrias tiveram dificuldades no repasse das altas para o produto. Apesar disso, o valor médio da fécula no primeiro semestre foi de R$ 2.663,85/t (R$ 66,60/saca de 25 kg), alta de 42% frente à média dos seis primeiros meses de 2016, também em valores reais.
Com os preços da mandioca superiores aos da fécula, a margem industrial recuou, fazendo indústrias diminuírem a capacidade instalada, principalmente as que haviam formado estoques no início do ano passado. Deste modo, o volume de estoques concentrados com poucas unidades vem diminuindo nas últimas semanas.
Apesar das altas cotações da mandioca, produtores se mantêm retraídos quanto à intenção de plantio neste ano, já que alguns têm renegociado parte das dívidas de 2015. Para outros, entretanto, os custos de produção ainda elevados preocupam, principalmente devido aos arrendamentos e à mão de obra.
Fonte: Agrolink