Gordura animal produz biodiesel de menor intensidade de carbono quando comparado, por exemplo, ao que é produzido a partir da soja
No cenário da busca constante por fontes de energia mais limpas e renováveis, os biocombustíveis emergem como uma promissora alternativa ao uso das versões fósseis. Quando se fala em combustível de baixo carbono, logo vem à mente a cana-de-açúcar, o milho, a soja e outras leguminosas e oleaginosas. No entanto, a gordura animal vem ganhando espaço como matéria-prima para o biodiesel, bioquerosene e diesel verde.
Considerados resíduos da atividade pecuária, a gordura animal, sobretudo o sebo bovino, oferecem insumos de menor custo e colabora com a redução dos impactos ambientais. O uso de biocombustíveis reduz os impactos da pegada de carbono do diesel e do querosene, evitando seu descarte no meio ambiente. É possível usar óleos de peixes, aves, banha de porco e até óleo usado de cozinha.
O Ministério de Minas e Energia (MME) tem um papel importante. Ele apoia políticas públicas para melhorar a eficiência energética. Além disso, trabalha na redução de emissões de gases do efeito estufa no setor de biocombustíveis. Uma delas é o RenovaBio, instituído pela Lei nº 13.576/2017, que tem como objetivo promover a expansão dos biocombustíveis de baixa pegada de carbono na matriz energética nacional. A iniciativa está alinhada à escolha do país como líder no tema “Transição Energética” no Diálogo de Alto Nível das Nações Unidas (ONU) sobre Energia.
Uso de resíduos na produção do biodiesel
A utilização do sebo bovino no Brasil é, em grande parte, destinada à produção de biodiesel. Assim como a soja, matéria-prima predominante na produção do biodiesel, o sebo bovino também apresenta ganhos na pegada de carbono em comparação ao diesel oriundo do petróleo.
No país, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 2022, cerca de 7,8% da produção de biodiesel foi oriunda do sebo bovino, resultando numa produção de 509 milhões de litros, diante de um mercado nacional de 6 bilhões de litros, aproximadamente, no período.
A região Sudeste é a que mais se destaca na produção de sebo bovino, com 32,8% desse mercado em 2022. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no Brasil, cada tonelada de sebo bovino pode produzir até 800 litros de biodiesel. A pegada de carbono deste combustível é menor que a do biodiesel de soja e muito menor que do diesel fóssil.
RenovaBio
Instituído em 2017 para desenvolver a Política Nacional de Bicombustíveis (RenovaBio) e ampliar o uso de biocombutíveis na matriz energética brasileira, o programa leva em consideração a relação entre a eficiência energética e a redução das emissões de gases de efeito estufa, visando, assim, auxiliar na descarbonização da matriz de transportes brasileira, contribuindo ainda para a segurança energética e a previsibilidade do mercado.
Três eixos estratégicos resumem a política: definir metas de redução de emissões de GEE, certificar a produção de biocombustíveis e criar o Crédito de Descarbonização (CBIO). O biodiesel brasileiro emite cerca de 70% menos GEE do que o diesel fóssil, a partir de Análise de Ciclo de Vida (ACV) do poço à roda, que considera a mensuração das emissões na fase agrícola, industrial e de queima do combustível nos motores.
Como a gordura animal vira biocombustível?
Um processo químico chamado “esterificação de ésteres e ácidos graxos”, por conseguinte, transforma óleos naturais, encontrados em plantas ou gorduras animais, em biodiesel.
Além disso, isso acontece quando esses óleos reagem com álcoois na presença de um tipo especial de um agente catalisador.
Como resultado, esse processo resulta em um tipo de combustível mais ecológico e renovável, que os motores de veículos e geradores que normalmente usam combustíveis fósseis podem utilizar.
Portanto, esse combustível é mais favorável ao meio ambiente, é mais limpo e causa menos impacto ambiental.
Fonte: Datagro