Em meio a tantas notícias negativas sobre os efeitos da pandemia do coronavírus, o mercado de grãos já registra duas sessões consecutivas de boas altas na Bolsa de Chicago diante de uma perspectiva de melhor demanda da China por produtos dos Estados Unidos. Depois de rumores comentados no mercado nesta quinta (19), o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou sobre novas vendas de milho e trigo para a nação asiática e de soja para destinos não revelados.
De acordo com o reporte diário, foram 756 mil toneladas de milho – sendo todo o volume da safra 2019/20 – 340 mil toneladas de trigo duro vermelho – da safra 2020/21 – e mais 110 mil toneladas de soja, também da safra 2019/20. As vendas que sejam de volumes igual ou superior a 100 mil toneladas devem sempre ser informadas ao departamento.
“Muitos esperam que este seja o começo das promessas de grandes aquisições agrícolas previstas na fase 1 do acordo comercial. Isso ocorre quando o mundo continua a combater o coronavírus”, explicam os analistas da consultoria internacional Allendale, Inc.
Ontem, o mercado já havia ainda recebido o novo boletim semanal de vendas para exportação do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) com bons números para o milho, com vendas superando as 900 mil toneladas.
E estas novas vendas são muito importantes para o mercado dos EUA, que se prepara para dar início aos trabalhos de campo para a safra 2020/21. E mais ainda, diante de vendas que, no acumulado do ano comerciais, apresentam volumes bem distantes dos registrados, há um ano, no mesmo período.
De acordo com números do USDA, em todo a temporada foram comprometidas apenas 29.017,7 milhões de toneladas, contra mais de 41 milhões no mesmo período do anterior. Na soja, o volume atual é de 34.999,7 milhões, enquanto na temporada passada, nesta época, eram 41.423,0 milhões de toneladas.
Ontem, a Reuters Internacional já havia reportado vendas de dois cargos de soja dos EUA para a China, ou 120 mil toneladas. “As compras de soja, que foram feitas na quinta-feira, são para embarques nos portos do Pacífico, provavelmente antes do final de abril”, disseram traders ouvidos pela agência de notícias.
Analistas e consultores de mercado ouvidos pelo Notícias Agrícolas têm afirmado, durante toda a semana, de que a China terá, de fato, que se voltar ao mercado americano, principalmente de soja frente à baixa disponibilidade de produto no Brasil – já que cerca de 70% da safra foi comercializada – e o consumo interno brasileiro também deverá ser elevado em 2020.
“Em dezembro de 2019 tínhamos um estoque ao redor de 4 milhões de toneladas, se o Brasil exportar 78 milhões de toneladas, devemos ter algo perto de 1 milhão de toneladas, ou seja, uma redução nos estoques nacionais da ordem de 75%”, explica Marcos Araújo, analista de mercado da Agrinvest Commodities.
Fonte: Notícias Agrícolas