
Segundo a análise de mercado da Grão Direto, a colheita da soja no Brasil avançou na última semana, favorecida pelo clima e por boas oportunidades de negócios. No entanto, desafios logísticos ainda representam um obstáculo para o setor. No cenário de exportações, o país embarcou 16,3 milhões de toneladas até 13 de março. A média diária de exportação foi de 332 mil toneladas, mantendo um ritmo semelhante ao do ano passado.
No mercado financeiro, a desvalorização do dólar no cenário global influenciou os preços da soja. O contrato para maio na Bolsa de Chicago (CBOT) recuou 0,78%, fechando a US$ 10,17 por bushel, enquanto o contrato para julho caiu 0,77%, cotado a US$ 10,31 por bushel. No Brasil, a moeda norte-americana encerrou a semana em R$ 5,74, com queda de 0,86%. A pressão de baixa persistiu no mercado físico, limitando a recuperação dos preços da oleaginosa.
Impactos da guerra tarifária e novas demandas
Para os próximos dias, o mercado deve continuar atento às movimentações da guerra tarifária. Enquanto as tarifas sobre o México parecem improváveis, a China impôs novas taxas sobre o setor agropecuário dos EUA, reduzindo as compras americanas e beneficiando o farelo brasileiro. No entanto, a falta de terminais adequados no país pode dificultar a logística de exportação. Além disso, a partir de janeiro, a União Europeia exigirá certificação contra desmatamento (EUDR), o que pode impactar a soja brasileira.
Outro fator que deve influenciar o mercado é o aumento da oferta de navios graneleiros na América do Sul. Se Donald Trump implementar tarifas sobre embarcações de fabricação chinesa que atracam nos EUA, parte dessa frota será redirecionada para a América do Sul. Com isso, os custos do frete marítimo tendem a diminuir, favorecendo a competitividade das exportações na região. Essa mudança pode criar novas oportunidades para os exportadores brasileiros, impulsionando o comércio e fortalecendo a posição do país no mercado global.
Apesar da expectativa de pressão sobre os contratos futuros em Chicago, os prêmios nos portos brasileiros devem se manter firmes, podendo até apresentar valorização. A demanda chinesa segue aquecida, e os atrasos nos embarques nos EUA e no Brasil fortalecem os prêmios, contrariando a tendência sazonal de queda nos meses de março e abril.
Fuente: Aline Merladete | Agroenlace