Os esforços globais para enfrentar as mudanças climáticas sofrerão um duro golpe se o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, retirar novamente o país do Acordo de Paris, alertou o chefe de políticas climáticas da União Europeia.
A equipe de transição de Trump tem preparado ordens executivas para retirar os EUA do principal tratado global sobre mudanças climáticas. Atualmente, os EUA são o segundo maior poluidor do mundo, ficando atrás apenas da China. As informações foram divulgadas por fontes próximas.
“Se isso acontecer, será um duro golpe para a diplomacia climática internacional”, disse o comissário climático da UE, Wopke Hoekstra, em uma entrevista à Reuters.
Além disso, a saída dos EUA do Acordo de Paris exigiria que outros países “reforçassem a diplomacia climática” em resposta, disse ele.
“Não há alternativa para garantir que, no final, todos participem, porque as mudanças climáticas são indiscriminadas”, disse Hoekstra sobre as negociações climáticas na Organização das Nações Unidas (ONU). “Esse é realmente um problema que o mundo precisa resolver em conjunto.”
O Acordo de Paris é a peça central das negociações climáticas da ONU. Quase 200 países participam dessas negociações. Eles discutem medidas para reduzir as emissões. Também avaliam formas de financiamento para viabilizar esses esforços.
EUA e China: Colaboração em risco
Os EUA têm desempenhado um papel central nas negociações, inclusive trabalhando com a China – o maior poluidor e a segunda maior economia do mundo – para estabelecer as bases dos recentes acordos climáticos globais.
Espera-se uma reviravolta com Trump, que retorna à Casa Branca em 20 de janeiro. Ele já chamou as mudanças climáticas de farsa e retirou o país do Acordo de Paris durante seu primeiro mandato, de 2017 a 2021. No mês passado, ele alertou a UE que o bloco deve comprar mais petróleo e gás dos EUA ou enfrentar tarifas.
Hoekstra disse que a UE terá um “engajamento construtivo” com o novo governo dos EUA em questões que incluem as mudanças climáticas. Ele disse que a Comissão Europeia está entrando em contato com líderes dos EUA em todo o espectro político, inclusive em nível local.
“Garantir que nossos amigos norte-americanos, na medida do possível, estejam realmente a bordo e trabalhando nisso junto conosco, é claramente algo pelo qual me esforçarei”, disse ele.
Fonte: Kate Abnett e Christian Levaux | Notícias Agrícolas