![](https://www.aboissa.com.br/wp-content/uploads/2025/02/Imagem-novo-site-2025-02-06T162756.428-1024x419.png)
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse esperar que o Brasil tenha surpresas inflacionárias positivas este ano, mas reconheceu que a inflação acumulada em 12 meses deve seguir acima de 4,5% até junho, como vem projetando o Banco Central.
Em entrevista à GloboNews veiculada no fim da noite de quarta-feira, Haddad avaliou que a safra prevista para o ano e o câmbio mais acomodado devem contribuir para o controle da inflação, inclusive surpreendendo as projeções dos economistas para a alta de preços.
“Eu acredito… que nós podemos ter surpresas em relação a expectativas do mercado, como tivemos em relação ao PIB”, afirmou Haddad quando questionado sobre a inflação.
A safra esperada para este ano e o recuo do dólar ante o real, que já supera os 6%, são dois fatores que podem desacelerar a inflação, na visão do governo.
“Eu acredito que nós podemos ter boas novas no front inflacionário, se a política for bem conduzida, e com a safra, o comportamento do câmbio”, podemos ter surpresas agradáveis, reforçou o ministro.
Haddad prevê inflação acima de 4,5% até junho
Ao mesmo tempo, Haddad afirmou que a inflação em junho “provavelmente” estará acima de 4,5%, como prevê o BC.
Na ata do último encontro do Copom, divulgada na terça-feira, o BC avaliou que a inflação acumulada em 12 meses deve continuar acima do teto da meta nos próximos seis meses. Na prática, isso significa que a inflação deve permanecer acima de 4,5% pelo menos até junho.
A meta contínua de inflação perseguida pelo BC é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Em dezembro – dado mais recente – a inflação acumulada medida pelo IPCA estava em 4,83%, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o ministro, a inflação deve permanecer acima do teto da meta até o meio do ano. Isso acontece porque há um “atraso” na resposta dos preços à elevação dos juros pelo BC.
Atualmente a taxa básica Selic está em 13,25% ao ano, mas tecnicamente o efeito dos juros mais altos sobre os preços possui defasagem de vários meses.
“Mas aqui no Brasil acredito que a resposta (da inflação) vai ser mais rápida. Acredito que a acomodação possa ser mais rápida”, acrescentou. Ele defendeu que a taxa de juros deve ser um remédio aplicado pelo BC em uma “dose que não mate o paciente”.
Reforma do IR
Na entrevista, Haddad reiterou que a intenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é isentar do Imposto de Renda os brasileiros que ganham até R$ 5 mil. Segundo ele, essa proposta será encaminhada pelo governo ao Congresso. Caso aprovada, a partir de janeiro de 2026, esses trabalhadores deixarão de ter a retenção do imposto na fonte.
Por outro lado, conforme Haddad, brasileiros com renda superior a R$ 50 mil por mês não têm, atualmente, uma retenção de IR considerada “compatível”. Dessa forma, esses contribuintes passariam a pagar um imposto mínimo.
Mais cedo, a GloboNews já havia divulgado um trecho da entrevista com Haddad. Nele, o ministro defendeu a cobrança de um imposto mínimo sobre a renda. A proposta se aplica a pessoas que ganham mais de R$ 5 mil.
Conforme o ministro, para o cálculo entrarão rendas provenientes de salários, mas também de outras fontes, formando um “combo”.
“Tem coisas que são isentas, e não serão levadas em consideração. Mas se a pessoa tem renda superior a R$50 mil por mês, e vai numa escadinha até R$100 mil por mês, vamos verificar se ela está pagando um imposto mínimo”, afirmou.
Fonte: Fabrício de Castro | Notícias Agrícolas