
O Brasil vai colher 0,5% menos soy em 2025 do que o esperado até o mês passado, mas a safra ainda será recorde em 170,9 milhões de toneladas, estimou nesta quarta-feira a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) em sua revisão mensal.
Isso representa um crescimento de 16,5 milhões de toneladas na comparação com o ciclo anterior, principalmente com a recuperação das produtividades na maioria das regiões após uma safra frustrada no ano passado.
A Abiove, por sua vez, elevou em 0,6% sua estimativa para a safra 2024 do Brasil, que agora é de 154,39 milhões de toneladas. A revisão ocorreu após a consolidação dos números do ano passado, que foi marcado por um recorde na exportação de farelo de soja.
Apesar de uma reavaliação no processamento de soja em 2024, ainda sobrou mais soja do que o previsto, o que resultou em aumento de 1 milhão de toneladas nos estoques iniciais do grão em 2025, para 4,14 milhões de toneladas.
A Abiove ampliou os estoques finais de 2025 em 1,6% em relação ao levantamento do mês passado, totalizando 9,1 milhões de toneladas. Essa mudança ocorreu após a entidade manter as estimativas de exportação e processamento de soja do Brasil em patamares recordes. As projeções permanecem em 106,1 milhões de toneladas para exportação e 57,5 milhões de toneladas para processamento.
Fator biodiesel
A Abiove não alterou as estimativas de produção, o consumo interno e a exportação de farelo de soja em relação ao mês passado.
Mas a Abiove elevou a previsão de exportação de óleo de soja em 27,3% em relação à estimativa de fevereiro, para 1,4 milhão de toneladas, após o governo brasileiro decidir pela manutenção da mistura de biodiesel no diesel em 14%.
A expectativa era de um aumento na mistura para 15% a partir de março. No entanto, isso não aconteceu, pois o governo citou preocupações inflacionárias relacionadas aos preços dos alimentos. O óleo de soja, principal matéria-prima do biodiesel, responde por cerca de 74% do total em 2024.
Ao fazer o anúncio em fevereiro, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o governo manterá a mistura em 14%. Essa decisão permanecerá até que sejam observados resultados nos preços dos alimentos. O tema tem impactado a popularidade do presidente Lula.
Se elevou a previsão de exportação, a Abiove cortou em 3,8% a estimativa de consumo de óleo de soja no Brasil em 2025, para 10,1 milhões de toneladas.
Em 2024, segundo dados da agência reguladora ANP, a indústria destinou mais de 7 bilhões de litros de óleo de soja à produção de biodiesel.
Source: Roberto Samora | Notícias Agrícolas