A Safra de arroz 2023/2024, em pleno processo de semeadura, foi destaque na reunião híbrida da Câmara Setorial do arroz, promovida pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) nesta quinta-feira (30/11). A diretora técnica do Instituto Rio Grandense do arroz (Irga), Flávia Tomita, alertou sobre os desafios impostos pelo El Niño no Estado, afetando o plantio do cereal com atrasos devido às chuvas. Com 77% da área semeada, comparado aos 90% do ano anterior, a incerteza paira sobre as áreas submersas, aguardando avaliação quanto a possíveis apodrecimentos e a decisão dos produtores sobre o ressemeio.
De acordo com as informações divulgadas pela Seapi, o El Niño, além de trazer chuvas intensas, reduz a luminosidade durante a germinação e desenvolvimento das lavouras, apresentando mais um desafio. Contudo, estimativas de produção ainda são prematuras, com a Metade Sul, uma zona orizícola expressiva, possivelmente mantendo uma produtividade satisfatória, conforme Tomita ponderou.
Redução esperada na área de cultivo de arroz
Na Expointer deste ano, estimou-se que os hectares cultivados com arroz para a safra 2023/2024 seriam 902 mil. O cultivo de soja em áreas de arroz estava previsto em 500 mil hectares. No entanto, a tendência agora é de redução.
Isso é influenciado, portanto, pelo aumento do preço do arroz e pela diminuição do preço da soja. Esses fatores, somados aos desafios provocados pelo El Niño, contribuem para a mudança na projeção.
O presidente da Federarroz, Alexandre Velho, apresentou um estudo indicando a recomendação de manutenção da área cultivada de arroz. Segundo o estudo, a sugestão é limitar a área a 840 mil hectares no Estado.
Os anos recentes registraram baixa rentabilidade no setor arrozeiro. Isso evidenciou a urgência de ajustes na área cultivada. Nos últimos dois anos, os custos de produção aumentaram significativamente, alcançando um aumento de 60%. Alexandre Velho explica que, diante dessa realidade, os produtores buscaram alternativas na soja, no milho e na pecuária para diversificar e evitar prejuízos.
O presidente destaca, enfim, que este será o primeiro El Niño. Haverá uma área significativa de cultivo de arroz em resteva de soja. Esse sistema pode ser uma preparação para eventos climáticos extremos.. As áreas serão acompanhadas de perto para avaliar sua resiliência diante do evento climático.
Fonte: Aline Merladete | Agrolink