O dólar iniciou a semana em alta frente ao real, reagindo a anúncios fiscais recentes do governo brasileiro e a novas ameaças comerciais feitas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. A moeda americana também apresentou fortalecimento no mercado global, refletindo as preocupações dos investidores com possíveis guerras comerciais no próximo ano.
Cotações do dólar
Às 9h27 desta segunda-feira, o dólar à vista avançava 0,33%, cotado a 6,0210 reais na venda. Além disso, na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento também registrava alta de 0,60%, sendo negociado a 6,037 reais.
Enquanto isso, no exterior, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,16%, alcançando 106,210. Por outro lado, a divisa americana apresentou valorização especialmente ante moedas de mercados emergentes, como o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno.
Cenário internacional: Tensão comercial
O fortalecimento do dólar globalmente está ligado, por outro lado, às recentes ameaças comerciais de Donald Trump. Por exemplo, no último sábado, Trump exigiu que os países membros do BRICS, incluindo o Brasil, não apoiem a criação ou adoção de uma nova moeda alternativa ao dólar. Caso contrário, poderão enfrentar tarifas comerciais de até 100%.
Enquanto isso, essa declaração ocorre em meio ao crescente debate sobre alternativas ao dólar. Além disso, em outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, durante a reunião do BRICS, a criação de meios de pagamento que reduzam a dependência da moeda americana nas transações entre os países do bloco.
Dados econômicos nos Estados Unidos
Os mercados globais aguardam uma semana movimentada, com a divulgação de indicadores econômicos importantes. Entre eles, o relatório de emprego de novembro nos Estados Unidos, previsto para sexta-feira, que pode oferecer pistas sobre os próximos passos do Federal Reserve em relação à taxa de juros.
Cenário nacional: Medidas fiscais e reação do mercado
No Brasil, o pessimismo dos investidores persiste quanto ao compromisso do governo com o ajuste fiscal. Na última semana, o Executivo anunciou um pacote de contenção de gastos, estimando uma economia de 71,9 bilhões de reais em dois anos, e uma reforma do Imposto de Renda. Contudo, o anúncio simultâneo dessas medidas foi interpretado como um sinal de descompromisso com a responsabilidade fiscal.
Na sexta-feira, a repercussão negativa impulsionou uma alta de 0,17% no dólar à vista. A moeda fechou a sessão cotada a 6,0012 reais. Esse foi o maior valor nominal da história.
“É difícil prever até onde o dólar pode chegar, especialmente porque, na minha avaliação, estamos diante de uma resposta desproporcional do mercado. Em algum momento, devemos observar um ajuste”, afirmou André Galhardo, consultor econômico da plataforma Remessa Online.
Projeções econômicas: Inflação em alta
A pesquisa Focus, divulgada nesta segunda-feira pelo Banco Central, apontou aumento nas projeções do IPCA para 2024, 2025 e 2026. A estimativa para 2024 passou de 4,63% para 4,71%, acima do teto da meta. Para 2025 e 2026, as projeções subiram para 4,40% e 3,81%, respectivamente.
Fonte: Fernando Cardoso | Notícias Agrícolas