O governo resolveu antecipar o cronograma de aumento de biodiesel no diesel. A partir de março de 2018, o teor de biodiesel pula de 8% para 10%. Por lei, a mistura iria para 9% no ano que vem.
“Para que tudo ocorra é necessário uma formalização através de uma resolução do Conselho Nacional de Petróleo (CNPE), que deverá ocorrer em breve, porque é um consenso que este programa é ganha-ganha. É uma agenda positiva para o Brasil”, afirma o secretário-geral da Associação Brasileiras das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Fábio Trigueirinho.
Hoje, 80% do biodiesel do país é feito com óleo de soja. A mudança na mistura vai aumentar a demanda interna e o processamento do grão. A Abiove estima que 20 mil empregos podem ser gerados em toda a cadeia produtiva.
Neste ano, serão consumidos quase 2,9 milhões de toneladas de óleo de soja para a produção de biodiesel. Com a mistura em 10%, o consumo estimado é de cerca de 3,6 milhões de toneladas.
O processamento de soja para fazer o biodiesel passa de 14,3 milhões de toneladas em 2017 para quase 17,9 milhões de toneladas do grão em 2018.
O sócio da MBAgro Consultora, José Carlos Hausknecht, explica que teremos menos soja para exportação Além disso, a produção de farelo crescerá, trazendo benefícios ao setor de carnes, com uma maior oferta de matéria-prima para alimentação.
Hausknecht acredita que os preços de óleos – principalmente o de soja – ficarão mais elevados e que a mudança também pode impactar no combustível. “O biodiesel é mais caro que o diesel, normalmente. Isso acaba encarecendo um pouco também o diesel. Os consumidores de diesel terão algum efeito, mas é pequeno porque é um aumento de 2% na mistura, então, não afeta tanto assim”, explica.
Para a abiove, a redução da emissão de poluentes no ar é uma das principais vantagens do biodiesel. Para o mercado de soja, o aumento da mistura pode dar mais firmeza aos preços. Trigueirinho afirma que é interessante ter uma demanda interna para não depender só do mercado externo.
“O mercado de exportação é sujeito aos rumores da China e desse tipo de coisa. Eu diria que o volume não será suficiente para mexer efetivamente com o mercado. Nós estamos, neste ano, exportando 64 milhões de toneladas, mas ajuda”, esclarece Trigueirinho.
Fonte: Agrolink