A colheita de arroz no Rio Grande do Sul foi retomada e está se aproximando do final, beneficiada pelo clima com poucas chuvas nas regiões Sul, Centro e Oeste do estado. Conforme informações do Informativo Conjuntural divulgado nesta quinta-feira (23/05) pela Emater/RS-Ascar, os agricultores já colheram cerca de 95% das lavouras. No entanto, as perdas provocadas pela submersão de cultivos maduros e pelo acamamento de plantas estão consolidadas, levando muitos produtores a abandonarem as áreas remanescentes devido à inviabilidade técnica e econômica para realizar a operação.
Em alguns municípios, os produtores estão concluindo a colheita e aproveitando o tempo mais seco para realizar a incorporação das restevas e adiantar o preparo dos talhões para a próxima safra. A área cultivada no Estado está estimada em 900.203 hectares, conforme o Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA). A produtividade, inicialmente estimada em 8.325 kg/ha, deverá sofrer redução após o levantamento das perdas que está sendo realizado.
Em Dom Pedrito, os agricultores concluíram a colheita, que teve uma queda de produtividade de 4,4%, devido ao plantio tardio, à menor incidência de luz solar e às intensas precipitações que atingiram as últimas áreas colhidas. Ademais, Manoel Viana, após a inundação causada pela cheia do Rio Ibicuí, alguns agricultores finalizaram a colheita em terrenos encharcados, enfrentando produtividades extremamente baixas e grãos de qualidade inferior.
Já em Quaraí, completaram 97% da colheita; contudo, em certas zonas, apenas máquinas equipadas com esteiras se mostraram eficazes devido ao lodo. Em São Borja, a colheita prosseguiu nas partes das fazendas que emergiram após a vazante das águas, com algumas plantações totalmente arruinadas, acionando o Proagro para compensar as perdas nas áreas financiadas.
Em São Gabriel, a colheita progrediu bem após semanas lentas, com cerca de 2.600 hectares restantes, 10% do total.
Avanço e desafios na colheita de arroz
Na região de Pelotas, os rizicultores reiniciaram a colheita de forma intensa e prioritária, aproveitando o período de volumes acumulados baixos. Esse cenário possibilitou realizar a operação assim que as condições de umidade dos grãos e da palha do arroz atingiram níveis adequados para a trilha. Os agricultores já concluíram 96% da colheita, restando apenas 4% para serem colhidos em Arroio Grande, Canguçu, Rio Grande e Santa Vitória do Palmar.
Na região de Santa Maria, retomaram a colheita nos locais menos afetados pelas enxurradas, alcançando 88% da área cultivada. Antes das chuvas excessivas, tinham colhido 80% da cultura. A expectativa inicial de produtividade era de 7.800 kg/ha, mas a apuração atual indica 7.314 kg/ha, representando uma perda de aproximadamente 6% em relação à expectativa inicial. Ainda restam 12% para colher, mas não colherão parte dessas áreas.
Na região de Santa Rosa, os rizicultores concluíram a colheita e estão concentrados na comercialização. Após as intempéries das últimas semanas, observou-se uma variação positiva nas cotações do cereal na região. Os produtores relatam uma maior lucratividade nesta safra, apesar das dificuldades enfrentadas durante a colheita.
Perdas significativas em lavouras de arroz
Na região de Soledade, registrarão as maiores perdas proporcionalmente em relação à área cultivada, uma vez que estimam que 35% das lavouras ainda não se colheram. Muitas dessas áreas são inacessíveis para máquinas, e laudos municipais preliminares mostram que as perdas tendem a ser quase totais porque grande parte do arroz está acamada e a germinação dos grãos é elevada. Em Pantano Grande e Venâncio Aires, onde colheram mais de 85% das lavouras, as perdas são menores. Nos demais municípios, a área não colhida é mais significativa. Agricultores em Candelária colheram 60% antes das cheias, que causaram perdas nas lavouras e nos grãos armazenados. Falta de energia pode aumentar as perdas.
Segundo levantamento da Emater/RS-Ascar, a saca de arroz no Estado subiu 3,30%, de R$ 107,90 para R$ 111,46.
Fonte: Seane Lennon | Agrolink