A China respondeu nesta terça-feira (4) às tarifas impostas por Donald Trump às importações de produtos do país com medidas similares contra os combustíveis, veículos e máquinas agrícolas dos Estados Unidos, no início de uma nova guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta. O país asiático também apresentou uma reclamação à Organização Mundial do Comércio (OMC) “para defender seus direitos e interesses legítimos” contra a imposição de tarifas sobre os produtos chineses nos Estados Unidos.
A retaliação de Pequim foi anunciada minutos após a entrada em vigor das tarifas adicionais de 10% impostas pelo presidente Donald Trump às importações de produtos chineses. Além da China, Trump também anunciou tarifas contra o Canadá e o México, fixadas em 25%. No entanto, a implementação dessas medidas foi suspensa por 30 dias. Em troca, os dois países se comprometeram a aumentar a vigilância e a segurança em suas fronteiras para combater o tráfico de fentanil.
China impõe tarifas e amplia restrições contra os EUA
O Ministério das Finanças da China anunciou, portanto, em um comunicado, a adoção de tarifas de 15% sobre o carvão e o gás natural liquefeito (GNL) dos Estados Unidos, e de 10% sobre o petróleo bruto, máquinas agrícolas e alguns modelos de veículos. Dessa forma, a medida é uma resposta ao “aumento unilateral de tarifas” por parte dos Estados Unidos, afirma o comunicado.
Além disso, segundo Pequim, a decisão de Trump “viola gravemente as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), não faz nada para resolver seus problemas e prejudica a cooperação econômica e comercial normal entre China e Estados Unidos”. Por esse motivo, o Ministério do Comércio apresentou uma queixa à OMC, pois considera que as medidas adotadas por Washington eram “de natureza mal-intencionada”.
Adicionalmente, além da resposta tarifária, as autoridades chinesas anunciaram uma investigação contra o grupo americano Alphabet, matriz do Google, por violação das leis antimonopólio. Da mesma forma, incluíram o grupo de moda PVH, dono das marcas Tommy Hilfiger e Calvin Klein, em uma lista de “entidades não confiáveis”. O grupo de biotecnologia Illumina também foi adicionado à mesma lista.
Por fim, Pequim anunciou novos controles sobre a exportação de metais e produtos químicos raros, como tungstênio, telúrio, bismuto ou molibdênio, utilizados em várias indústrias.
Trégua com México e Canadá
Trump justificou as novas tarifas contra os três principais aliados comerciais dos Estados Unidos como punição. Segundo ele, esses países não fizeram o suficiente para conter o fluxo ilegal de migrantes e drogas para o território americano.
No entanto, o republicano anunciou acordos de última hora com a presidente do México, Claudia Sheinbaum, e o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau. O objetivo é aumentar a vigilância na fronteira. Além disso, ficou decidido que a implementação das novas tarifas será suspensa por 30 dias.
O presidente americano disse que pretendia ligar para o homólogo chinês, Xi Jinping, nas próximas 24 horas para negociar um acordo similar. As autoridades americanas apontam a China como responsável pela entrada no país do fentanil, um opioide sintético 50 vezes mais potente que a heroína e responsável por quase 75.000 mortes anuais por overdose no país.
EUA, México e Canadá reforçam medidas
Segundo o serviço de inteligência americano, a China envia componentes químicos para o México, onde os cartéis os transformam em fentanil e enviam o produto para os Estados Unidos. O magnata republicano afirma que o Partido Comunista que governa a China tem “subsidiado empresas químicas chinesas para que exportem fentanil”.
Ao falar sobre o México, Trump acusou o governo de ter “uma aliança” e proporcionar “refúgios seguros” para os cartéis de drogas. Porém, as medidas contra o país vizinho foram momentaneamente suspensas após uma conversa “muito amigável” com sua homóloga mexicana.
Sheinbaum anunciou que o México reforçará a fronteira norte com 10.000 agentes da Guarda Nacional. A medida será implementada de forma imediata para combater o tráfico de drogas, especialmente de fentanil. Segundo a presidente mexicana, Washington se comprometeu a intensificar os esforços para evitar o tráfico de armas. Essa é uma antiga exigência do México, que já levou o governo a processar fabricantes de armas nos Estados Unidos.
No caso do Canadá, Trudeau anunciou a mobilização de quase 10.000 agentes para a proteção da fronteira, a inclusão dos cartéis na lista de organizações terroristas e a nomeação de um ‘czar’ para liderar a luta contra o fentanil.
*Com informações da AFP
Fonte: Notícias Agrícolas