Cacau encerra 2024 como a commodity mais valorizada

Cacau encerra 2024 como a commodity mais valorizada
Imagem: Canva

O cacau fechou 2024 como a commodity mais valorizada do ano, atingindo o preço recorde de US$12.565 por tonelada na Bolsa de Nova York. Esse valor representa uma alta anual de cerca de 300% e reflete um cenário desafiador, marcado por quebras sucessivas na produção dos países africanos, os principais fornecedores globais. Com estoques pressionados, a disparidade entre oferta e demanda tem agravado o desequilíbrio do mercado.

A volatilidade deve persistir em 2025, impulsionada por fatores como clima instável e a disseminação de doenças em cacaueiros africanos. Esse cenário levanta dúvidas sobre a sustentabilidade de preços tão elevados no longo prazo.

A valorização do cacau e os fatores de alta em 2024

Assim como outras commodities, o mercado de cacau é influenciado pelas dinâmicas de oferta e demanda. No entanto, o cacau tem enfrentado um cenário atípico, onde fundamentos econômicos, especulação financeira e questões climáticas se unem para criar um ambiente instável. Segundo especialistas, o futuro da commodity dependerá de uma combinação complexa de fatores econômicos e climáticos.

“O mercado futuro de cacau, negociado na Bolsa de Nova York, desempenhou um papel crucial nas distorções observadas em 2024. A extrema volatilidade levou à liquidação de posições e à redução de contratos abertos, que atingiram o menor patamar em mais de uma década. A bolsa intensificou esse movimento ao elevar as margens exigidas, refletindo o aumento do risco percebido”, explica Rafael Machado Borges, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

Impactos climáticos e produção: o futuro do mercado

Além disso, a baixa relação entre estoque e demanda ampliou a volatilidade, enquanto muitos contratos de hedge foram fechados com preços mais baixos, prejudicando os balanços das indústrias. Para os produtores, a oferta limitada restringiu os ganhos esperados, e a inadimplência nas entregas aumentou, impulsionando práticas como o contrabando na África.

“A curva futura aponta para uma possível estabilização, mas déficits contínuos na safra 2024/25 podem sustentar os preços acima de US$10 mil por tonelada por mais tempo. A instabilidade climática será um fator decisivo nesse movimento,” complementa Borges.

Perspectivas para 2025

Relatos recentes indicam que a contagem de vagens de cacau nas árvores atingiu o menor nível em décadas. Regiões africanas enfrentaram chuvas excessivas no final de 2024, seguidas por seca nas áreas de safra intermediária, comprometendo ainda mais a produção.

“Particularmente, acredito numa oferta abaixo das expectativas, com o quarto ano consecutivo de déficits no mercado. Áreas com árvores envelhecidas, doenças e a falta de mão de obra impactaram negativamente a produtividade,” aponta Alê Delara, Sócio-Diretor da Pine Agronegócios.

Impactos para produtores e consumidores

Do lado dos produtores, os preços elevados reacenderam o interesse por novas áreas de plantio, mas doenças e desafios climáticos continuam como obstáculos significativos, especialmente no Brasil e no oeste africano. Para as indústrias, os preços altos têm levado a ajustes em fórmulas e estratégias de marketing, com o objetivo de mitigar os custos para os consumidores e preservar a competitividade.

“No mercado de commodities, há uma máxima: preços altos destroem a demanda. No entanto, antes disso, o mercado físico se ajusta, seja repassando custos, absorvendo prejuízos ou ajustando estratégias. Vimos esses três movimentos ao longo de 2024,” conclui Delara.

Fonte: Ericson Cunha | Notícias Agrícolas

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