O início do plantio de milho está sendo dificultado em diversas regiões do Brasil devido a uma estiagem prolongada nas principais regiões produtoras. O meteorologista Luiz Renato Lazinski, do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), aponta que o fenômeno não é comum para esta época do ano.
“Nos últimos anos, o clima foi muito favorável às nossas lavouras, mas neste ano particularmente, estamos observando um bloqueio atmosférico muito forte no Oceano Pacífico e, isto esta fortalecendo a massa de ar quente e seca do Brasil Central, que não permite que as frentes frias, vindas do sul, avancem para o Brasil, bloqueando estas frentes frias entre o Rio Grande do Sul e Uruguai”, explica.
Segundo Lazinski, “isto acontece, mas não é muito frequente, uma vez que, durante o final do inverno e primavera, as chuvas normalmente são mais frequentes e abundantes, principalmente no sudeste e centro-oeste do Brasil e este ano, isto não vem acontecendo. Sobre a estiagem, ela ocorre de tempos em tempos, mas não é cíclica, depende de fenômenos que ocorrem muito longe daqui, como o ‘El Niño’ e ‘La Niña’, por exemplo, no Oceano Pacífico Equatorial, e estes fenômenos não são cíclicos”.
“Por enquanto, estamos numa situação de neutralidade climática, sem a influência do ‘El Niño’ ou ‘La Niña’. Mas há uma tendência da volta de uma nova ‘La Niña’ a partir de meados da primavera e verão, o que significa chuvas muito irregulares e ocorrência de algum veranico ao longo da safra de verão”, projeta o especialista.
O presidente-executivo da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho), Alysson Paolinelli, admite que a estiagem pode provocar redução de plantio. “A safra de verão pode diminuir sim, nas regiões que estão sofrendo com estiagem. Mas em poucas áreas. Pode reduzir no plantio de verão, mas vai compensar depois, na resteva da soja, nas áreas que são possíveis de plantar milho safrinha no Paraná. A produção de milho deve crescer muito porque a demanda pelo cereal está forte e o preço no momento é bom. Pode ter mais safrinha nas regiões que costumeiramente plantam”, comenta.
Fonte: Agrolink