O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, usou seu discurso na COP29 para criticar o Ocidente pelas recorrentes pressões sobre o setor de petróleo e gás do país, afirmando que a indústria foi alvo de uma “campanha bem orquestrada de calúnia e chantagem”.
As declarações de Aliyev ocorreram no segundo dia da cúpula climática. Nesse evento, quase 200 países estão reunidos para discutir maneiras de reduzir as emissões de combustíveis fósseis. Momentos depois, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, fez uma declaração enfática. Ele destacou que continuar apostando nos combustíveis fósseis é uma “estratégia absurda”. Segundo ele, isso contraria as urgentes necessidades climáticas globais.
Essas visões conflitantes destacam o desafio central das negociações climáticas. Muitos países ocidentais ainda dependem de combustíveis fósseis. Ao mesmo tempo, esses países tentam pressionar os produtores a fazer a transição para fontes de energia mais limpas.
Dependência econômica e ações de transição no Azerbaijão
Em 2023, o setor de petróleo e gás representou 35% da economia do Azerbaijão, uma queda em relação aos 50% de dois anos antes. O governo prevê que essa participação cairá para 22% até 2028, refletindo uma tentativa gradual de diversificação econômica.
“Como presidente da COP29, defendemos a transição verde e estamos implementando-a, mas precisamos ser realistas”, disse Aliyev, que classificou os recursos de petróleo e gás do Azerbaijão como “um presente de Deus”.
Aliyev também mencionou que países não deveriam ser culpados por utilizar e comercializar esses recursos, pois “o mercado precisa deles. As pessoas precisam deles.”
Em suas críticas, Aliyev destacou especificamente os Estados Unidos e a União Europeia, acusando-os de “padrões duplos” e de adotar “hipocrisia política” ao lidarem com questões energéticas. Ele afirmou que ONGs e certos meios de comunicação ocidentais têm atuado de maneira parcial e controlada, intensificando as pressões sobre outros países.
Os EUA são atualmente o maior produtor de petróleo e gás do mundo. Por outro lado, países europeus estabeleceram algumas das metas mais rigorosas para reduzir emissões até 2030. No entanto, tanto os EUA quanto esses países ainda buscam garantir suprimentos energéticos. Essa necessidade se intensificou após a crise causada pela invasão russa à Ucrânia em 2022.
O assessor nacional de clima dos EUA, Ali Zaidi, respondeu que, se todos os países descarbonizassem no ritmo dos EUA, o mundo cumpriria suas metas climáticas. A União Europeia preferiu não comentar sobre as críticas de Aliyev.
Guterres alerta para o tempo limitado para ações climáticas
Seguindo a fala do presidente do Azerbaijão, Guterres, por sua vez, fez um alerta claro sobre o tempo limitado para evitar um aumento catastrófico das temperaturas globais. Dessa forma, ele pediu enfaticamente aos líderes mundiais que ampliem o financiamento climático para prevenir desastres humanitários.
“No que diz respeito ao financiamento climático, o mundo precisa pagar, ou, caso contrário, a humanidade pagará o preço,” enfatizou Guterres. “Estamos na contagem regressiva final para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C, e o tempo, portanto, não está do nosso lado.”
Assim, a COP29 deste ano concentra-se na mobilização de centenas de bilhões de dólares para financiar uma transição global rumo a fontes de energia mais limpas, além de limitar os danos climáticos causados pelas emissões de carbono.
Fonte: William James e Kate Abnett | Notícias Agrícolas