O acordo histórico entre Mercosul e da União Europeia (UE) foi anunciado nesta manhã de sexta-feira (6) pelos líderes de ambos os blocos, em uma cerimônia em Montevidéu, no Uruguai, durante a 65ª Cúpula do Mercosul. Estiveram presentes presidentes de países do bloco sul-americano como Javier Milei (Argentina), Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) e Santiago Peña (Paraguai), além do anfitrião, Luis Lacalle Pou (Uruguai), bem como da presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen.
“Este acordo é uma vitória para a Europa. Isso criará enormes oportunidades de negócios”, disse a líder europeia. E complementou dizendo que esta se trata de uma das maiores alianças comerciais do mundo.
Impactos econômicos do acordo
Desde 1999, Mercosul e União Europeia (UE) trabalham na construção de um acordo de livre comércio entre os dois blocos. E uma pesquisa recente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) indica que a assinatura de um acordo com a magnitude que tem o anunciado neste 6 de dezembro poderia promover um crescimento de 0,46% na econonomia do Brasil entre 2024 e 2040 e também um crescimento nos investimentos da ordem de 1,49%.
Além disso, especialistas também apontam que a união dos dois blocos econômicos gera um ambiente de mercado de mais de 780 milhões de consumidores, bem como uma força intensificada de concorrência frente à competitividade da China e de embate às ameaças de tarifas de Donald Trump, que assume o governo americano a partir de 20 de janeiro de 2025.
Resistência francesa e repercussões políticas
Apesar dos avanços, o acordo, no entanto, enfrenta forte resistência na França. Por exemplo, agricultores registraram novos protestos, chegando até mesmo a pedir “desobediência civil”. Além disso, a insatisfação é liderada por setores que temem impactos negativos para os agricultores locais.
Enquanto isso, o presidente francês, Emmanuel Macron, também enfrenta um turbulento cenário político interno. Por outro lado, parlamentares de direita e esquerda exigem sua renúncia. Além disso, Macron teria dito a Von der Leyen que os termos do acordo são “inaceitáveis” e, por isso, reafirmou sua oposição ao pacto.
Negociações do acordo
Os presidentes anunciaram oficialmente, em 6 de dezembro, durante a LXV Cúpula do Mercosul, a conclusão definitiva das negociações do Acordo de Parceria MERCOSUL-União Europeia. O tratado constitui a maior área de livre comércio bilateral do mundo, envolvendo economias que, juntas, somam cerca de US$ 22 trilhões e uma população de 718 milhões de pessoas.
A coordenação brasileira retomou o processo de negociação em 2023 e realizou sete rodadas presenciais, todas em Brasília. Este acordo se destaca por abrir novas oportunidades comerciais e de investimentos, sem comprometer a capacidade dos países de implementar políticas públicas em áreas cruciais, como saúde, desenvolvimento industrial e inovação.
Sustentabilidade e integração regional
O acordo também oferece mecanismos para mitigar impactos de medidas unilaterais que possam prejudicar exportações do Mercosul. Além disso, os dois blocos reforçam compromissos em desenvolvimento sustentável. Eles adotam uma abordagem colaborativa e equilibrada. Ambos reconhecem que é necessário enfrentar os desafios globais de forma cooperativa.
Outro ponto importante é o fortalecimento da integração regional dentro do Mercosul, consolidando o bloco como uma plataforma eficiente para inserir as economias de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai no mercado global.
O Acordo de Parceria MERCOSUL-União Europeia vai além dos benefícios econômicos. Ele reflete valores compartilhados entre os blocos. Entre esses valores, destacam-se a defesa da democracia, a promoção dos direitos humanos, a preservação da paz e o compromisso com a sustentabilidade. O pacto também estabelece espaços de diálogo que permitirão maior coordenação em temas de interesse comum, reforçando a cooperação política e social entre as regiões.
Fonte: Carla Mendes | Notícias Agrícolas