Imagem: Pixabay
No cômputo geral, estimativa de crescimento da economia brasileira é de 1,4%.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) manteve em 1,4% a projeção de crescimento do produto interno bruto (PIB) neste ano. Para 2024, a previsão é de alta de 2,0%. Na análise dos componentes do PIB para 2023, há expectativa de crescimento de 0,6% no setor de serviços e 0,4% na indústria. O avanço de 11,6% esperado para a agropecuária responde por boa parte do desempenho previsto. Os dados estão na Visão Geral da Conjuntura, uma análise detalhada da economia brasileira divulgada nesta sexta-feira (31) pela Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea.
{module Form RD}
A projeção de alta de 1,4% do PIB é a mesma que foi apresentada em dezembro de 2022 pelo Grupo de Conjuntura do Ipea e reflete um cenário em que a economia se recupera progressivamente ao longo do ano. Pelo lado da demanda, o consumo das famílias e a formação bruta de capital fixo (FBCF) devem terminar 2023 de forma moderadamente positiva, com avanços de 1,2% e 1,5%, respectivamente. As expectativas para exportações e importações no PIB de 2023 apontam para crescimento de 2,7% e de 1,3%, nessa ordem.
No primeiro trimestre deste ano, as perspectivas de crescimento de importantes economias no mundo melhoraram, em relação ao que se esperava no fim de 2022. No entanto, a quebra de bancos regionais nos Estados Unidos, seguida de dificuldades em bancos europeus, acendeu um alerta. O problema foi contornado e não impediu os bancos centrais dos Estados Unidos e da Europa de continuarem subindo suas taxas básicas de juros.
Há previsão de avanço de 1,2% no PIB neste primeiro trimestre de 2023, na comparação com ajuste sazonal. Em relação ao mesmo período do ano passado, a alta deve ser de 2,7%. Num cenário ainda caracterizado pelo arrefecimento da atividade econômica, grande parte desse resultado é explicada pelo ótimo desempenho do PIB agropecuário nos primeiros três meses do ano.
A composição do crescimento de 2,0% do PIB projetado para 2024 será bastante distinta da considerada para 2023, com foco no avanço mais robusto da indústria (+2,2%) e de serviços (+1,9%), e uma expansão mais modesta da agropecuária (+1,0%). Em relação à demanda, os investimentos serão o destaque no ano que vem (previsão de +2,5%) e haverá crescimento mais forte do consumo das famílias (+2,0%).
Para janeiro deste ano, o Ipea projeta continuidade na acomodação da atividade econômica. Desde o último trimestre de 2022, o comportamento dos indicadores setoriais no Brasil indica desaceleração bastante disseminada da atividade econômica, quadro que se manteve nos primeiros meses de 2023, caracterizado pelo aumento dos níveis de incerteza.
O setor de serviços deve sofrer recuo na margem (-0,6%), embora volte a contar em janeiro com a contribuição positiva do segmento “serviços prestados às famílias”, que deverá crescer 1%. Para o comércio, há expectativa de avanço tanto para as vendas no conceito ampliado, quanto no restrito, com altas de 0,5% e 2% na margem, respectivamente. Apesar da piora na condição financeira das famílias, os pesquisadores acreditam que a trajetória ainda positiva dos rendimentos e da massa salarial possa exercer algum efeito benéfico no consumo, particularmente nos bens menos dependentes de crédito.
O cenário considera que, neste ano, haja melhora na ancoragem das expectativas inflacionárias com a introdução do novo arcabouço fiscal e uma resolução do debate que se estabeleceu sobre as metas de inflação. A projeção do Ipea para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é que ele encerre 2023 em 5,6%. Outros fatores que indicam um cenário mais positivo ao longo do ano são a perspectiva de começo da flexibilização da política monetária, os investimentos previamente programados para 2023 e alguma resiliência no mercado de trabalho, em virtude de sua dinâmica com defasagens.
Fonte: Datagro