Denominada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) de “o Grande Confinamento”, a recessão causada pela atual crise sanitária, afirmam especialistas, será a maior desde a Grande Depressão de 1929. Sobre o conceito de recessão, se diz que é quando há uma queda considerável da atividade econômica ao longo de meses, refletindo no PIB, salários, empregos, produção industrial e comércio. Em geral, porém, a definição é de que uma economia entra em recessão quando acumula dois trimestres consecutivos de queda do PIB.
Com base nisso é que está sendo feita a maior parte das previsões de como o mundo vai se recuperar do impacto do novo coronavírus. Mas, vale destacar que a incerteza ante a crise é grande.
As projeções da agência de classificação de riscos S&P Global Ratings compreendem uma queda no PIB global de 2,4% em 2020, seguida de um crescimento de 5,9% em 2021. Economistas costumam recorrer ao alfabeto para explicar visualmente como preveem a recuperação de uma economia que neste caso deve ser similar a letra “U”. Ou seja, é aquela em que se entra e se sai da recessão, mas com crescimento baixo, sendo custoso sair da crise. A recuperação é difícil, mas com o tempo se sai e se volta a um nível igual ao anterior.
E como estava o mercado de resíduos de abate antes da chegada do Coronavírus? O que mudou? Quais as projeções e expectativas? Falamos com Caio Torres, gerente da unidade Animal Profat da Aboissa para entender como o setor vem reagindo a este momento e como será o “novo normal” para o mercado. Revista Graxaria Brasileira – Antes da pandemia como o mercado de subproduto animal estava se comportando, tanto internamente quanto externamente? Caio Torres – O mercado de subprodutos estava aquecido, tanto internamente quanto externamente, durante os 6 meses que antecederam o início da pandemia no Brasil (março de 2020). Para o mercado de farinhas animais, esse foi um período de muita oferta, mas ao mesmo tempo o mercado interno estava com uma demanda bastante equilibrada, por isso houve uma amplitude nos preços limitada em R$ 0,15/kg. Em momentos de larga oferta, principalmente em novembro e dezembro, em que os preços estavam com tendência de ficarem abaixo dessa amplitude, o mercado externo era uma boa alternativa para sustentar os preços, em face do aumento de 4,5% nas exportações de farinhas animais em relação ao mesmo período em 2018. A partir de agosto de 2019, em virtude do consumo do mercado de biodiesel, tivemos um grande salto nos preços da gordura animal. O incremento da mistura obrigatória de biodiesel que passou de 10% para 11%, em agosto de 2019, e de 11% para 12% em março de 2020 possibilitou aos leilões de biocombustível, que ocorreram no último trimestre/19 e primeiro trimestre/20, apresentarem um patamar inédito nos preços médios que ficaram acima de R$ 3,00 e a demanda nas matérias-primas com viés de alta. Revista Graxaria Brasileira – Quais áreas de negócios seguiam em evidência? Caio Torres – A demanda de gordura animal foi o destaque do cenário de subprodutos antes da pandemia. O mercado de biodiesel ganhou muita força no último semestre de 2019 e a escassez de óleo de soja, que é a principal matéria-prima para este mercado, potencializou o mercado de gorduras animais. Por esse motivo, tivemos um aumento recorde nos preços de 67% comparado aos preços de gorduras animais de quando a mistura obrigatória era de 10%, e com os preços praticados nos contratos de leilões que ocorreram em fevereiro.
Considerando o histórico de preço das gorduras animais nestes seis meses antecedentes à pandemia e comparando com o mesmo período do ano anterior, temos um aumento de 19% nos preços da gordura. E esse aumento também refletiu no mercado externo, onde houve aumento de 15% no valor desembolsado pelos importadores de sebo, comparado com o mesmo período do ano anterior. Revista Graxaria Brasileira – E quais foram os reflexos para o setor com a pandemia? Caio Torres – A pandemia impactou bastante o mercado de subprodutos animais, pois foi a responsável direta pela redução de abates. A China, por exemplo, suspendeu contratos de importação de carne brasileira em um momento em que estavam bem abastecidos, e isso teve um peso considerável na produção dos frigoríficos. E, além da China e de outros países importadores de carne, o mercado interno também reduziu o consumo, o que diminuiu as perspectivas de reação do setor. Houve frigorífico que reduziu sua produção em até 50%. Com uma produção mais cautelosa, os subprodutos ficaram escassos e, naturalmente, teve uma valorização dos preços. Entretanto, o setor de farinhas animais foi o único mercado que manteve a mesma demanda, fazendo com que os seus preços disparassem de maneira que algumas especificações sofressem aumento de mais de 100%. Nos meses de março e abril de 2020, as exportações de farinhas reduziram em até 20%, pois os fornecedores estavam concentrados no mercado interno, que estava mais atraente mesmo com o dólar alto. No caso das gorduras, a demanda não se manteve, pois o segmento de biodiesel apresentou uma queda no consumo e essa parcela foi grande demais para o setor saboeiro absorver, apesar da questão de higienização ganhar uma grande importância com a COVlD-19. O segundo leilão do ano, que ocorreu em abril (L72), teve um preço médio menor do que o leilão de agosto/19, sendo o preço mais baixo desde quando a mistura estava em 10%. Em relação ao preço médio do leilão anterior (L71), ficou 9,5% menor. Já no quesito volume, a quantidade negociada ficou abaixo do leilão de junho/2019 – com 36% abaixo da capacidade ofertada. Estes resultados não foram animadores para mercado, visto que a indústria de biodiesel estava absorvendo uma quantidade muito significativa de gordura animal. Como os mercados saboeiro e de higiene não conseguiram absorver a parcela que era destinada ao biodiesel, os preços das gorduras despencaram até 12% em relação ao preço de antes da pandemia.
Revista Graxaria Brasileira – Em meio a este cenário de pandemia, como a Aboissa se posicionou e quais as medidas e ações que foram adotadas para este mercado?
E como estava o mercado de resíduos de abate antes da chegada do Coronavírus? O que mudou? Quais as projeções e expectativas? Falamos com Caio Torres, gerente da unidade Animal Profat da Aboissa para entender como o setor vem reagindo a este momento e como será o “novo normal” para o mercado. Revista Graxaria Brasileira – Antes da pandemia como o mercado de subproduto animal estava se comportando, tanto internamente quanto externamente? Caio Torres – O mercado de subprodutos estava aquecido, tanto internamente quanto externamente, durante os 6 meses que antecederam o início da pandemia no Brasil (março de 2020). Para o mercado de farinhas animais, esse foi um período de muita oferta, mas ao mesmo tempo o mercado interno estava com uma demanda bastante equilibrada, por isso houve uma amplitude nos preços limitada em R$ 0,15/kg. Em momentos de larga oferta, principalmente em novembro e dezembro, em que os preços estavam com tendência de ficarem abaixo dessa amplitude, o mercado externo era uma boa alternativa para sustentar os preços, em face do aumento de 4,5% nas exportações de farinhas animais em relação ao mesmo período em 2018. A partir de agosto de 2019, em virtude do consumo do mercado de biodiesel, tivemos um grande salto nos preços da gordura animal. O incremento da mistura obrigatória de biodiesel que passou de 10% para 11%, em agosto de 2019, e de 11% para 12% em março de 2020 possibilitou aos leilões de biocombustível, que ocorreram no último trimestre/19 e primeiro trimestre/20, apresentarem um patamar inédito nos preços médios que ficaram acima de R$ 3,00 e a demanda nas matérias-primas com viés de alta. Revista Graxaria Brasileira – Quais áreas de negócios seguiam em evidência? Caio Torres – A demanda de gordura animal foi o destaque do cenário de subprodutos antes da pandemia. O mercado de biodiesel ganhou muita força no último semestre de 2019 e a escassez de óleo de soja, que é a principal matéria-prima para este mercado, potencializou o mercado de gorduras animais. Por esse motivo, tivemos um aumento recorde nos preços de 67% comparado aos preços de gorduras animais de quando a mistura obrigatória era de 10%, e com os preços praticados nos contratos de leilões que ocorreram em fevereiro.
Considerando o histórico de preço das gorduras animais nestes seis meses antecedentes à pandemia e comparando com o mesmo período do ano anterior, temos um aumento de 19% nos preços da gordura. E esse aumento também refletiu no mercado externo, onde houve aumento de 15% no valor desembolsado pelos importadores de sebo, comparado com o mesmo período do ano anterior. Revista Graxaria Brasileira – E quais foram os reflexos para o setor com a pandemia? Caio Torres – A pandemia impactou bastante o mercado de subprodutos animais, pois foi a responsável direta pela redução de abates. A China, por exemplo, suspendeu contratos de importação de carne brasileira em um momento em que estavam bem abastecidos, e isso teve um peso considerável na produção dos frigoríficos. E, além da China e de outros países importadores de carne, o mercado interno também reduziu o consumo, o que diminuiu as perspectivas de reação do setor. Houve frigorífico que reduziu sua produção em até 50%. Com uma produção mais cautelosa, os subprodutos ficaram escassos e, naturalmente, teve uma valorização dos preços. Entretanto, o setor de farinhas animais foi o único mercado que manteve a mesma demanda, fazendo com que os seus preços disparassem de maneira que algumas especificações sofressem aumento de mais de 100%. Nos meses de março e abril de 2020, as exportações de farinhas reduziram em até 20%, pois os fornecedores estavam concentrados no mercado interno, que estava mais atraente mesmo com o dólar alto. No caso das gorduras, a demanda não se manteve, pois o segmento de biodiesel apresentou uma queda no consumo e essa parcela foi grande demais para o setor saboeiro absorver, apesar da questão de higienização ganhar uma grande importância com a COVlD-19. O segundo leilão do ano, que ocorreu em abril (L72), teve um preço médio menor do que o leilão de agosto/19, sendo o preço mais baixo desde quando a mistura estava em 10%. Em relação ao preço médio do leilão anterior (L71), ficou 9,5% menor. Já no quesito volume, a quantidade negociada ficou abaixo do leilão de junho/2019 – com 36% abaixo da capacidade ofertada. Estes resultados não foram animadores para mercado, visto que a indústria de biodiesel estava absorvendo uma quantidade muito significativa de gordura animal. Como os mercados saboeiro e de higiene não conseguiram absorver a parcela que era destinada ao biodiesel, os preços das gorduras despencaram até 12% em relação ao preço de antes da pandemia.
Revista Graxaria Brasileira – Em meio a este cenário de pandemia, como a Aboissa se posicionou e quais as medidas e ações que foram adotadas para este mercado?
Caio Torres – Um cenário de pandemia requer ainda mais comprometimento, disciplina, trabalho em equipe, flexibilidade, ética e eficiência – e esses são os valores da nossa empresa. Em um momento como esse, os nossos valores ficam ainda mais evidentes em cada um dos 62 membros do nosso time.
No mercado de subprodutos, a falta de matérias-primas dificultou a produção das graxarias, e foi preciso fazer uma gestão de toda a demanda dos nossos clientes para garantir o menor impacto possível, tanto na parte comercial, quanto operacional. |
Conseguimos reinventar programações para intercalar cargas com preços antigos e novos de maneira que todos pudessem atravessar essa fase da maneira mais favorável possível, e estreitamos nosso relacionamento ainda mais com as graxarias ao buscar matérias-primas alternativas e reativar fornecedores. No mercado externo, ficamos em contato diário com as alfândegas, despachantes e operadores logísticos para termos informações atualizadas e evitar custos extras e desgastes aos nossos clientes.
No âmbito operacional, conseguimos ter êxito em nossa gestão devido a comunicação que segue bastante fortalecida com todos os responsáveis envolvidos. Já no âmbito comercial, adotamos a postura de realizar contratos de volumes menores para evitar que oscilações nos preços pudessem engessar as operações.
Revista Graxaria Brasileira – Como está sendo a experiência, para o mercado de subproduto animal, em conduzir os negócios na pandemia? Caio Torres – O impacto da pandemia em nosso setor criou situações adversas que demandam soluções e novas alternativas. O mercado de subproduto animal é muito grande e sempre haverá oportunidades. Por isso acredito que, apesar de tudo, a experiência está sendo enriquecedora, pois a necessidade de desenvolver soluções, negócios, homologar novos mercados, criar alternativas e enxugar custos, já fazem parte da missão da Aboissa. Além do nosso constante follow-up, estamos aproveitando para manter uma comunicação bem minuciosa com todos os nossos clientes, permitindo que eles se antecipem em relação às mudanças do mercado. Nossas informações englobam as notícias do setor, dados de mercado e indicativos de preços, informações que conseguimos por estarmos dedicados somente a esse setor. Revista Graxaria Brasileira· Qual é a perspectiva para pós-pandemia? Caio Torres· A perspectiva de melhora dos abates é fundamental para a disponibilidade de subprodutos. Acreditamos que isso possa ajustar os preços das farinhas animais, principalmente a de vísceras, penas e suína. A farinha bovina está mais presente no mercado e seu preço segue se ajustando. O dólar alto pode possibilitar o desenvolvimento de algumas oportunidades no mercado externo. Na gordura animal, houve uma reação na precificação puxada pelo setor de biodiesel e a perspectiva é de alta nos preços. Historicamente, esse produto apresenta uma tendência de aumento no segundo semestre, influenciado pela baixa oferta de óleo de soja, portanto podemos ter preços mais elevados, superando o recorde batido no primeiro trimestre. O mercado externo acena que talvez oferte um volume um pouco menor esse ano, pois os abates seguem fracos na Argentina, Paraguai e Uruguai. Revista Graxaria Brasileira· O ‘novo normal’ interferirá de algum modo na maneira de conduzir os negócios? Caio Torres· O “novo normal” deverá ser mais criterioso na condução de novos negócios. Pois apesar do preço ser o fator decisivo na negociação, acreditamos que detalhes como follow-ups e a boa comunicação terão um peso maior. E isso pode contribuir para a formalização do mercado, pois em um momento como esse é muito importante sentir segurança e contar com parceiros que realmente irão cumprir com o contrato. Revista Graxaria Brasileira – Qual a lição tirada deste novo momento? Caio Torres – Esse momento torna bastante evidente a importância de poder contar com boas opções de negócios , e de estar amparado com muita informação de mercado para poder tomar decisões mais assertivas em qualquer situação. As estratégias comerciais não podem ser imutáveis e limitadas a duas ou três alternativas, esse é um trabalho que deve ser feito sempre. Estamos permanentemente preparados para o desenvolvimento dessas oportunidades e, com nossa experiência de mais de 30 anos no mercado, temos a segurança de estar junto ao cliente para lidar com os mais diferentes desafios propostos por esse universo.
Fonte: Revista Graxaria Brasileira
{module 441}