O superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Lucchi, e o coordenador de Inovação do Sistema CNA/Senar, Matheus Ferreira, participaram na sexta-feira (17) de uma conversa ao vivo pelo Instagram para falar das principais ações da entidade para reduzir os impactos da quarentena no setor agropecuário.
Durante o debate, Lucchi fez um balanço das medidas e estratégias da Confederação para apoiar o produtor rural na crise causada pelo coronavírus (COVID-19). Uma delas foi a garantia de que a atividade agropecuária fosse estabelecida como serviço essencial no período de calamidade pública (Decreto nº 10.282).
Em seguida, o superintendente falou do lançamento de uma cartilha online com recomendações de prevenção ao coronavírus nas propriedades rurais. “Desde o início a nossa preocupação era garantir a saúde dos produtores e trabalhadores do campo. Para isso, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural e os Ministérios da Agricultura e da Saúde produziram o documento com orientações e medidas de proteção”, disse.
Outro ponto destacado foram os custos de produção do setor. “Sabendo que haveria alta do dólar, propomos a prorrogação do convênio ICMS 100, que já foi atendida, e a suspensão da cobrança do Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFREM), por conta de produtos importados como os fertilizantes”.
Crédito – Lucchi citou ainda medidas de prorrogação dos prazos para pagamentos dos financiamentos rurais e para acesso ao crédito e informou também que nesta semana a Confederação solicitou à Receita Federal a prorrogação do prazo para a prestação das informações sobre o Valor de Terra Nua (VTN).
Além disso, a CNA e mais nove entidades do setor sucroenergético encaminharam ao presidente da República, Jair Bolsonaro, e à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, um documento com medidas emergenciais para evitar o colapso do segmento diante da pandemia e dos baixos preços internacionais do petróleo.
Segundo Lucchi, entre as medidas propostas estão a instituição de um programa de warrantagem (uso do produto como garantia em empréstimo), a isenção temporária de PIS/Cofins sobre o etanol hidratado e o aumento da Contribuição de Intervenção sobre Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina para recuperar a competitividade do etanol.
A Resolução 4.801, publicada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que autoriza a prorrogação do reembolso das operações de crédito rural de custeio e investimento de produtores prejudicados em função da pandemia, foi outra conquista da CNA. De acordo com a norma, podem ser prorrogadas até 15 de agosto as parcelas de custeio e investimento já vencidas ou com vencimento no período de 1° de janeiro a 14 de agosto deste ano.
Comercialização – Outras medidas importantes destacadas durante a conversa foram as de apoio à comercialização de produtos agropecuários. O superintendente técnico da CNA pontuou a manutenção do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) para a aquisição direta de alimentos junto aos produtores rurais, o retorno das feiras livres e a abertura do mercado da Coreia do Sul para o camarão brasileiro.
Ainda sobre comercialização, o coordenador de Inovação do Sistema CNA/Senar, Matheus Ferreira, falou do lançamento de uma plataforma nacional de comércio eletrônico, que vai reunir produtores rurais, aplicativos, redes de supermercados e prestadores de serviço de frete para facilitar a comercialização de produtos do campo. “Acreditamos que essa plataforma vai ser um dos principais legados dessa crise. Ela surgiu como alternativa de canal de comercialização para o produtor garantir o alimento à população brasileira nesse período”.
A plataforma, disponível no portal mercado.cnabrasil.org.br, possui três formatos de cadastros: um para o produtor, que poderá cadastrar a sua região e os produtos que têm à disposição, outro para o comprador, que informará sua demanda e abrangência, e outro para transportadores, que poderão fazer as entregas dos produtos.
Resultados – o canal foi lançado no último dia 15 e já apresenta resultados. De acordo com Matheus Ferreira, mais de 200 produtores de 22 estados brasileiros já se cadastraram. Os principais produtos registrados são das cadeias de frutas e hortifruti, como alface, banana, tomate, mandioca, lima, abacate, abóbora e laranja. Com relação aos interessados, mais de 100 compradores de 20 estados fizeram o cadastro, entre eles estão supermercados, cooperativas e pequenos comércios. “Já temos 228 municípios registrados, sendo 10% deles de cadastros de compradores e vendedores, ou seja, eles são da mesma região, mas provavelmente não se conhecem. O nosso objetivo também é entrar em contato com eles para que a negociação avance”, explicou.
Ao término da conversa, o coordenador de Inovação do Sistema CNA/Senar lembrou que ao fazer o cadastro na plataforma, o produtor pode também baixar o guia com orientações sobre como comercializar o produto pela internet. A publicação traz, além de informações sobre embalagem, volume e peso, dicas de como tornar o produto mais atrativo para o consumidor.
Fonte: DATAGRO
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