Após o terceiro recuo consecutivo nos preços da soja, a pergunta é: quais as chances da oleaginosa voltar a subir? Poderia chegar ao tão sonhado nível de R$ 80,00 no interior? Quem responde é o especialista em mercado Luiz Fernando Pacheco, da T&F Consultoria Agroeconômica.
“Realmente, os preços estão quase lá, assim como quase chegaram a R$ 95,00 em 2016 e a R$ 85,00 em 2018 e…deram a volta pra trás, fazendo muitos agricultores perderem chances a R$ 92,00 e R$ 82,00, respectivamente, para venderem a preços de R$ 67,00 e R$ 56,00, depois. Não estamos dizendo que é a mesma situação, mas, vejamos: dos três fatores que compõe o preço da soja no Brasil, dois praticamente se anulam e um tem forte tendência de baixa”, explica.
De acordo com ele, os fatores que se anulam são, de um lado, Chicago – que poderá subir se o presidente norte-americano Donald Trump acertar com os chineses, ou mesmo se a safra americana for reduzida: “O que ainda é uma incógnita que só será desvendada na próxima sexta-feira, dia 28, com o relatório oficial do USDA sobre a área plantada da safra 2018/19”, aponta.
Pacheco aponta ainda como fator baixista os prêmios: “Que cairão ainda mais se Chicago subir, porque que já caíram na prática em relação ao mês passado, por exemplo. Por outro lado, o Dólar tem tendência forte de continuar caindo a curto, médio e principalmente a longo prazo, à medida que o governo conseguir implantar a reforma da Previdência e se o Trump se acertar com os chineses. A moeda americana corresponde mais ou menos a 35% do preço da soja no Brasil, então pesa muito e também poderá anular ou limitar qualquer tentativa de alta por parte de Chicago ou do prêmio”.
O analista da T&F ressalta ainda uma oportunidade que o Dólar futuro oferece. “Para março/20, fechou [na sexta-feira] a R$ 3,90, quando todos os 100 economistas consultados pelo Banco Central para seu Relatório Focus acreditam que estará a não mais do que R$ 3,75/US$ no mesmo mês. Isto é uma diferença nada desprezível de 3,84% que corresponde a mais ou menos R$ 3,00/saca. Então, nossa recomendação seria a de fixar parte de suas intenções de exportação no dólar atual para maio/20”, sugere.
Ele adverte, porém, que não se trata de “fixar e esquecer: tem que acompanhar diariamente, porque, se a posição reverter, você terá chance de corrigir. Então, não vemos como os preços subirem muito mais do que os níveis em que estão. Não estamos dizendo que não poderão subir, porque há, sim, algumas possibilidades de alta. Sabem quando? Quando tanto Chicago, quanto o dólar derem uma esticada rápida pra cima, que o mercado chama de rally e que dura alguns minutos apenas em determinados dias bem específicos”.
“Nossa recomendação é que os agricultores já deixem autorizações junto à sua cooperativa ou cerealista para fecharem quando chegar nestes níveis, porque não haverá tempo hábil de eles telefonarem pra todo mundo para colherem estas autorizações. E não aposte tudo nisto, porque se não chegar, sua frustração será maior do que se chegar e você não tiver mais produto”, conclui.
Postagem: Marina Carvejani
Autor: Leonardo Gottems
Fonte: AGROLINK