![Dólar sobe após ameaças tarifárias de Trump](https://www.aboissa.com.br/wp-content/uploads/2025/02/Imagem-novo-site-2025-02-10T124247.675-1024x419.png)
O dólar à vista subia ante o real nesta segunda-feira, em linha com os mercados emergentes, à medida que os investidores ponderavam sobre o impacto dos mais recentes planos tarifários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em nova escalada das tensões no comércio global. Às 9h37, o dólar à vista subia 0,3%, a 5,8101 reais na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,04%, a 5,833 reais na venda.
Trump disse no domingo que anunciará nesta segunda-feira novas tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio para os EUA. Essas taxas se somarão às tarifas já existentes sobre metais. No entanto, o presidente não forneceu mais detalhes sobre a medida.
Falando a repórteres no Força Aérea Um, o presidente afirmou que anunciará tarifas recíprocas na terça ou quarta-feira. Essas tarifas entrarão em vigor quase imediatamente. O objetivo é igualar as taxas cobradas por outros países sobre os EUA.
Esse foi o mais recente anúncio de Trump sobre a política comercial dos EUA. A declaração ocorreu logo após a implementação de novas tarifas na semana passada. As taxas incluíram uma tarifa de 25% sobre produtos do México e do Canadá. Além disso, as importações da China foram taxadas em 10%.
Trump chegou a um acordo com os líderes do México e do Canadá para suspender as taxas por um mês. Em troca, os dois países concordaram em adotar medidas para endurecer o controle da fronteira com os EUA. Por outro lado, a tarifa sobre a China continua em vigor. Como resposta, Pequim ativou suas ações de retaliação nesta segunda-feira.
Impacto global e reação do mercado
As tarifas sobre metais podem afetar as exportações de vários parceiros comerciais dos EUA, incluindo Brasil, México, Canadá, Japão e União Europeia, que produzem os materiais visados por Trump.
Em relação às tarifas recíprocas, no entanto, o impacto é incerto, uma vez que Trump não forneceu detalhes sobre quais países buscará atingir com a medidas.
“A pressão diante da ameaça de Trump de anunciar hoje a taxação sobre as importações de aço e alumínio deixa a nossa moeda mais fragilizada”, disse Guilherme Esquelbek, gerente da mesa de câmbio da corretora Correparti
Em meio à expectativa pelas tarifas, o dólar avançava sobre moedas emergentes, incluindo o peso mexicano e o peso chileno.
A lógica dos investidores nesse cenário envolve a retirada de ativos dos países que devem ser atingidos pelas tarifas. Além disso, considera-se que as medidas de Trump podem elevar a inflação. Esse aumento nos preços poderia forçar o Federal Reserve a manter a taxa de juros elevada por mais tempo.
Com isso, o dólar se fortalece. Esse cenário contribui para o aumento dos rendimentos dos Treasuries. Como consequência, os ativos norte-americanos se tornam mais atrativos para investidores estrangeiros.
Perspectivas para a inflação e a reação do mercado
Na cena doméstica, a divulgação da pesquisa Focus do Banco Central marcava a sessão, e o mercado elevava novamente as projeções para a inflação brasileira em 2025 e 2026.
O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que a expectativa para o IPCA agora é de alta de 5,58% ao fim deste ano, de 5,51% na pesquisa anterior. Para 2026, a projeção para a inflação brasileira é de 4,30%, de 4,28% anteriormente.
Os investidores se posicionarão neste pregão para a divulgação de dados do IPCA de janeiro na terça-feira, com a projeção de economistas consultados pela Reuters de que a alta dos preços desacelere para 0,14% na base mensal, de um avanço de 0,52% em dezembro.
Fonte: Fernando Cardoso | Notícias Agrícolas