Segundo o meteorologista Gabriel Rodrigues, do Portal Agrolink, o Brasil continua sob o predomínio de uma massa de ar quente e seco, que se estende por grande parte do país, inclusive em regiões do Sul. Esse cenário de temperaturas elevadas contribui diretamente para o aumento dos focos de incêndio e o agravamento das queimadas, afetando gravemente a qualidade do ar e cobrindo vastas áreas do continente com fumaça.
Este ano está sendo considerado atípico em relação às queimadas, especialmente devido à combinação de uma estação seca mais severa e temperaturas acima da média histórica. Esses fatores são responsáveis pela rápida expansão dos focos de incêndio. No entanto, como lembra Rodrigues, a origem das queimadas depende de uma fagulha inicial, que pode ser de origem humana ou natural.
Cenário alarmante nas regiões mais afetadas
Desde o início de 2024, o Brasil já registrou mais de 159.411 focos de incêndio, um aumento de 104% em comparação ao mesmo período do ano passado, quando houve uma queda de 29% em relação a 2022. O estado mais afetado é Mato Grosso, com 34.356 focos, um número 201% superior ao ano anterior. Seguem o Pará, com 27.192 focos (alta de 121%), e o Amazonas, com 17.181 focos (alta de 53%).
Ademais, o estado com o maior aumento percentual de queimadas é Mato Grosso do Sul, que registrou um crescimento alarmante de 646% em relação ao mesmo período de 2023. Essas queimadas estão gerando uma vasta cortina de fumaça que se estende da Amazônia até o centro da Argentina, impulsionada por ventos de baixos níveis que transportam a fumaça por grandes distâncias continentais.
Além do Brasil, outros países da América do Sul também enfrentam uma crise de queimadas. A Bolívia registrou um aumento de 353% nos focos de incêndio, totalizando 58.107 casos, o maior número desde 2001. Contudo, o Paraguai, por sua vez, teve um aumento de 72% nas queimadas.
Previsão climática e impacto no mercado agrícola
No médio prazo, não há previsão de alívio imediato. As condições climáticas devem continuar com calor extremo, baixa umidade e sem sinais consistentes de chuva. Entretanto, ainda há previsão de precipitações para a última semana de setembro. Com expectativa de que as chuvas atinjam principalmente o sul de Mato Grosso do Sul e Goiás a partir do dia 20.
Além disso, as chuvas podem representar um alívio tanto para o cenário de queimadas quanto para o risco de atraso no plantio da soja. No entanto, Gabriel Rodrigues ressalta que a confiabilidade dessa previsão diminui à medida que a data se aproxima.
Fonte: Aline Merladete | Agrolink