Aumento dos fretes marítimos e seus impactos no Comércio Exterior

Aumento dos fretes marítimos e seus impactos no Comércio Exterior
Imagem: Canva

Recentemente, o setor logístico internacional testemunhou um aumento significativo nos custos dos fretes marítimos. Nossas assistentes de pós-venda da unidade Soft Oils, Joana Vitória e Eduarda Goulart, explicam as causas e as consequências do General Rates Increase, o ajuste dos fretes marítimos.

Emily Alissa, gerente comercial da Columbus Logística Internacional

O General Rates Increase, ou GRI, refere-se a um ajuste realizado pelas companhias marítimas em seus fretes, geralmente caracterizado por um aumento de preços que varia conforme a demanda do mercado global. Dependendo das variações de mercado, é possível que ocorram múltiplos ajustes em um único ano, como observado em 2024, com aumentos registrados nos meses de maio e julho.

Emily Alissa, gerente comercial da Columbus Logística Internacional, revela que a maioria das companhias marítimas planeja aplicar o GRI até o final de dezembro, com expectativas de melhorias na alocação a partir de setembro. No entanto, não existe uma estimativa de redução dos valores a curto prazo. Conforme a regulamentação dos Estados Unidos, os armadores devem anunciar mudanças com um mês de antecedência para que os clientes possam se organizar. Os novos preços podem variar conforme as rotas e as empresas envolvidas.

Fatores que influenciam as alterações nos fretes

Eduarda Goulart, assistente de pós-venda da unidade Soft Oils

Diversos fatores motivam essas alterações, incluindo a dinâmica de oferta e demanda, onde a demanda por exportação ou importação supera a oferta disponível, além de custos operacionais, de mão de obra e combustível. Conflitos geopolíticos, que resultam em guerras e sanções econômicas, mudanças de rotas e aumento de frete, bem como o peak season — um período de alta demanda ligado diretamente a feriados como o Natal e o Ano Novo Chinês — também influenciam o mercado, juntamente com períodos de alta demanda relacionados às safras de commodities.

Segundo a Allog Group, durante o peak season, a ocupação dos navios pode exceder 120%. Esse aumento drástico geralmente é previsível e, se bem antecipado, pode evitar significativos contratempos e gastos extras. Durante esses períodos, é essencial que importadores e exportadores desenvolvam um planejamento robusto e antecipem suas necessidades de transporte para evitar que as cargas fiquem em terra. A falta de espaço disponível nos navios ou aeronaves pode forçar as empresas a aguardar uma nova oportunidade de embarque, complicando o recebimento de mercadorias. Além disso, a alta ocupação durante o peak season causa frequentemente overbooking e escassez de contêineres, contribuindo para congestionamentos nos portos e, consequentemente, para alterações nos fretes marítimos.

Impacto nas operações de agentes logísticos

A análise do impacto do aumento dos preços dos fretes marítimos nas operações de agentes logísticos revela que essas alterações afetam todas as etapas do processo, desde o fechamento do booking até a conclusão da operação logística. Com a escalada dos custos, torna-se imperativo para as empresas ajustarem seus orçamentos e precificações para acomodar os aumentos. Adicionalmente, a renegociação de tarifas com clientes, decorrente das mudanças nos valores de frete, é essencial. Essas práticas não apenas evitam o comprometimento financeiro das operações, mas também são cruciais para sustentar relações comerciais estáveis. Frequentemente, tais circunstâncias exigem a reavaliação e possivelmente a redefinição de rotas logísticas, visando identificar alternativas mais econômicas e eficientes.

Para entender o aumento mais recente dos fretes, é necessário avaliar fatores como o conflito no Mar Vermelho, que continua a impactar nos preços e no transit time das cargas. Informações adicionais podem ser encontradas em nosso artigo “O impacto da crise do Mar Vermelho na logística internacional”.

Joana Vitória, assistente de pós-venda da unidade Soft Oils

Adicionalmente, a escassez de contêineres tem sido exacerbada pelo aumento do dólar, que incentiva mais a exportação do que a importação, impedindo o retorno dos contêineres aos países de origem. Tais aumentos têm impactado rotas marítimas nas Américas e no Pacífico, afetando diretamente a viabilidade das operações em termos de tempo e custo. Para as rotas na América Latina, a solução tem sido desviar pelo Chile, neutralizando o aumento do frete. Exportadores de países como Bolívia e Paraguai optam por rotas rodoviárias até os portos chilenos, uma opção mais econômica e rápida.

No transporte marítimo, mudanças podem ser repentinas e exigem constante atenção aos novos desenvolvimentos globais. A região do Mar Negro, afetada por conflitos, tem atrasos no trânsito das cargas pelo Canal de Suez para Oriente Médio, China e Índia.

Impacto do aumento nos preços dos fretes

O aumento constante nos preços dos fretes afeta todos no comércio exterior, de exportadores a importadores e agentes logísticos. O custo de frete, sendo um componente crítico na precificação do produto, pode determinar a viabilidade da operação. Assim, o aumento dos fretes marítimos representa um desafio que demanda adaptação e planejamento estratégico por parte de todos os agentes envolvidos. Apesar das incertezas a curto prazo, é essencial que empresas e agentes logísticos continuem a investir em soluções para aumentar a eficiência das operações. A longo prazo, espera-se a estabilização do mercado, embora a volatilidade dos fretes marítimos permaneça como uma característica marcante do setor.

Por Joana Vitória e Eduarda Goulart | Assistentes de pós-venda da unidade Soft Oils
Revisão por Vanessa Ferreira

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