A demanda por biocombustíveis vem sendo cada vez mais importante para manter o crescimento do plantio de soja no Brasil, em momento em que a China, o maior importador global, passa a adotar uma estratégia de não elevar muito suas importações como fazia antes, avaliou nesta quarta-feira o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar.
O presidente da Abiove, associação que reúne tradings e processadoras, considera que a China parece ter intenção de se manter no patamar de importações totais de 100 milhões de toneladas de soja de todas as origens, já que busca depender menos de importações.
“Vamos admitir que não tivesse demanda por biocombustíveis, eu não vejo a soja crescendo 1 milhão de hectares por ano (no Brasil) como aconteceu nos últimos anos para atender o chinês”, disse Nassar a jornalistas, após participar de um seminário do setor promovido pela Argus.
“Não vejo isso mais, a gente provavelmente iria enxergar uma certa redução.”
A estratégia chinesa
Apesar de margens reduzidas, o Brasil deve expandir a área plantada na safra 2024/25, começando em setembro.
Mesmo assim, o Brasil pode ter safra “enorme” após recuperação de produtividade devido a seca e inundações em 2023/24.
“A soja não vai parar de crescer, mas o produtor vai tentar ampliar a safra”, disse, sem previsão da associação. “Em ano bom, produziríamos 170 milhões de toneladas; este ano, apenas 152 milhões”, afirmou.
Uma produção deste tamanho no maior produtor e exportador global teria impactos no mercado.
“Imagina 170 milhões de toneladas de soja. Ano que vem vamos ter uma produção enorme.”
Fonte: Roberto Samora | Notícias Agrícolas