A indústria do óleo de palma, componente vital na produção de uma ampla gama de produtos de consumo e biocombustíveis, enfrenta desafios e oportunidades contínuas que moldam seu futuro. A Palm & Lauric Oils Price Outlook Conference & Exhibition (POC) emerge como o principal evento global em que líderes da indústria, especialistas e partes interessadas se congregam para discutir tópicos essenciais, abrangendo desde tendências de mercado e inovações tecnológicas até estratégias de sustentabilidade. Nossos especialistas, Tiago Vicente e Thiago Prianti, viajaram até Kuala Lumpur, na Malásia, para participar da mais significativa conferência de óleo de palma do mundo e trazem os principais temas debatidos ao longo dos dias do evento.
Em 2023, iniciaram-se conversas sobre o fenômeno El Niño, e o mercado já previa que 2024 não seria diferente. Portanto, discutiram no POC a produção mundial de óleos vegetais.
A estimativa dos principais especialistas indica um aumento muito pequeno na produção global no período de 23 de outubro de 2023 a 24 de setembro deste ano, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Esse aumento é impulsionado principalmente pelo crescimento nas culturas de canola e girassol, que não sofreram impactos negativos devido ao El Niño. Analisando o óleo de palma, os especialistas preveem uma produção estável na Indonésia, uma queda na Malásia e na Tailândia, e um pequeno aumento na produção africana e latino-americana.
Demanda por biodiesel impulsiona consumo de palma
Por outro lado, observam um crescimento no consumo mundial, principalmente devido à demanda por biodiesel na Indonésia e na Malásia, o que resultará em uma redução nos estoques mundiais de palma e menos exportações. Quando analisada a oferta e demanda mundial de óleos vegetais e a situação dos estoques, acreditam em um aumento da demanda superior à oferta global e em uma redução dos estoques, sendo março, abril e maio os piores meses. Após esse período, devemos fazer leves ajustes, a menos que surpresas surjam de condições climáticas, políticas de biocombustíveis e situações macroeconômicas.
Exclusivamente no mercado de biocombustíveis, houve muitos comentários positivos em relação ao atual B35 e à prontidão das indústrias indonésias para o B40. Caso o governo avance com esse aumento, ocorrerá uma redução significativa nas exportações de óleo de palma.
A expectativa média dos principais analistas é que os futuros de palma oscilem entre 3800 e 4200RM durante a primeira metade do ano.
Desafios e oportunidades na produção de óleo de palma
Um tópico amplamente discutido foi a redução da produtividade da palma, um movimento observado há anos. Também foi discutido a falta de tecnologia implementada na indústria em comparação com outras indústrias de oleaginosas. Existem desafios significativos, pois a palma é uma cultura altamente manual, com práticas de manejo distintas das demais. Nos últimos anos, o óleo de palma vem perdendo dinamismo de crescimento, embora continue sendo a principal oleaginosa que atende à demanda mundial. No entanto, sua posição competitiva vem se deteriorando, e fatores tecnológicos e inovações serão cruciais para o futuro. É essencial que todos repensem como produzem e transformem esses desafios em oportunidades. A palma continua sendo a oleaginosa mais versátil e sustentável, quando analisada a produção por hectare.
Quanto à sustentabilidade, destaca-se o EUDR, regulamento europeu sobre produtos sem desmatamento. Seu prazo para conformidade é o final de 2024, pois entrará em vigor em 30 de dezembro deste ano. O EUDR visa combater o desmatamento e promover práticas sustentáveis nas cadeias de suprimentos. Operadores e comerciantes deverão realizar uma avaliação detalhada dos processos de produção para identificar possíveis riscos associados ao desmatamento ou degradação florestal em qualquer etapa, desde a obtenção das matérias-primas até a entrega final. Esse mapeamento é essencial para que as empresas demonstrem conformidade com as novas normas.
Caso sejam identificados problemas, deverão ser implementados planos de mitigação. A não conformidade pode resultar em penalidades de até 4% do faturamento anual da empresa infratora. Portanto, compradores mundiais estão pressionando seus fornecedores quanto a esse tema. Analisando a cadeia mundial, o volume que poderá atender a essas políticas ainda é muito pequeno, o que pode gerar mudanças nos fluxos comerciais globais.
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