Os recentes acontecimentos históricos têm demonstrado que eventos geográficos, sociais e ambientais impactam diretamente o comércio exterior e o afretamento dessas empresas. Aliás, esse impacto pode ser resultado de uma pandemia global, conflitos entre países vizinhos ou mesmo o bloqueio de um canal altamente movimentado por um navio encalhado.
Desafios Atuais no Mar Vermelho
Atualmente, as crescentes tensões entre o grupo Houthi, que controla uma parte significativa do Iêmen e Israel estão se intensificando. Uma das novas estratégias deste grupo é manter os ataques no Mar Vermelho. Nas últimas semanas, este grupo, ao controlar significativamente a Costa, frequentemente ataca e sequestra navios na rota do Canal de Suez, causando grandes problemas para os armadores que dependem desta via para entregar suas cargas.
Até o momento, aproximadamente 18 armadores, incluindo grandes nomes como CMA CGM, Maersk e Hapag-Lloyd, retiraram seus navios da rota, buscando alternativas. É importante destacar que cerca de 12% de todos os embarques mundiais dependem desse canal. Segundo dados da Datamar, aproximadamente 9% de todas as cargas brasileiras passam por essa região.
Impacto nos Fretes
Vários fatores, além do preço do petróleo, influenciam a precificação do frete. O comprometimento das rotas usuais muitas vezes leva à substituição por trajetos mais longos e com maiores tempos de trânsito, causando inconstância nos preços dos fretes e até a falta de rotas para alguns destinos. Como medida protetiva imediata, muitos armadores optaram por desviar suas rotas, contornando a África do Sul para evitar ataques. Portanto, causando com que as rotas fiquem maiores e, consequentemente, mais caras.
Consequências para Compradores e Fornecedores
No cenário atual, observamos que muitos fornecedores dependentes dessa rota estão hesitantes em ofertar seus produtos, dada a incerteza sobre os custos de frete a médio e curto prazo e a possibilidade de não conseguirem entregar as cargas. Os compradores visam acelerar entregas ou buscam alternativas, como fornecedores de países vizinhos ou compras locais, mesmo a custos mais altos.
Por: Tiago Vicente | Broker da unidade Soft Oils