A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) estima que o mundo precisará triplicar a oferta de biocombustíveis até 2030 para chegar ao net zero no setor de transportes. Na prática, a produção global teria que crescer, em média, 17% ao ano ao longo dos próximos sete anos.
Nesse sentido, a Aliança Global de Biocombustíveis (GBA, na sigla em inglês) terá um papel fundamental na disseminação das experiências bem-sucedidas de produtores como Brasil, Estados Unidos e Índia para o restante do mundo.
Essa foi uma das conclusões do painel Bioenergia e Transição Energética no contexto da Aliança Global de Biocombustíveis (GBA), promovido pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) junto com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), em Dubai, durante a COP28.
“O Brasil tem uma grande oportunidade geopolítica. Mas não uma oportunidade exploratória, que retira recursos, que draga e drena energia dos outros países, mas sim, a partir do melhor dos processos, o de cooperação”, disse o presidente da Unica, Evandro Gussi, mediador do painel.
América Latina destaca-se como fornecedor sustentável para atender à crescente demanda de biocombustíveis
A importância dos biocombustíveis no processo de transição energética foi amplamente reconhecida pela IEA. Os biocombustíveis são um pilar essencial para um processo seguro de descarbonização do setor de transportes.
“A bioenergia continuará sendo uma fonte importantíssima para esse cenário de redução de emissões, porque ela está presente em todos os setores. O etanol, especificamente o de cana, é um excelente exemplo do uso sustentável de um biocombustível”, disse Frankl.
Diante da crescente necessidade na oferta, a América Latina surge como um importante fornecedor. A região é apontada como uma das capazes de atender a demanda de forma sustentável e eficiente.
Na avaliação de Federico Villarreal, diretor de Cooperação Técnica do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), o potencial da região se baseia, então, em dois pilares. A América Latina possui, dessa forma, uma capacidade de expansão agrícola que pode ser industrializada para a produção de biocombustíveis.
Perspectivas promissoras para biocombustíveis na Índia e na aviação global
O segundo ponto aborda a eficiência regional. Villarreal destaca o potencial da América Latina em reduzir as emissões de gases do efeito estufa no transporte.
A cooperação gera resultados notáveis, e a Índia, como o país mais populoso, é um exemplo. Com a meta de 20% de etanol na gasolina, a Índia avança no processo de descarbonização.
A Índia, o segundo maior produtor global de cana-de-açúcar, investe em biomassa e diversifica suas fontes energéticas, conforme Vibha Dhawan, diretora-geral do Instituto de Energia e Recursos da Índia, destaca. O governo indiano reforça seu compromisso com biocombustíveis, exemplificado pelo lançamento da GBA.
O setor de aviação impulsionará a demanda por biocombustíveis, especialmente o Combustível Sustentável de Aviação (SAF). A Organização de Aviação Civil Internacional se compromete a atingir net-zero em 2050, regulando a aviação global.
Brasil: Potencial para ser o celeiro global de SAF
Segundo José Serrador, vice-presidente da Embraer, todas as companhias aéreas buscam SAF, e a demanda pelo biocombustível é 10 mil vezes maior que a oferta.
“O Brasil tem tudo para ser o grande celeiro de SAF do planeta. Temos todas as condições. O que faltava era uma regulação para o setor, ocorrida com o projeto do combustível do futuro”, afirmou Serrador.
O secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, Pietro Mendes, enviou, contudo, ao Congresso um projeto que visa descarbonizar o transporte no Brasil.
“Temos metas para a produção de SAF, diesel verde e aumento para 30% da mistura de etanol na gasolina, visando motores mais eficientes, além do marco legal para a captura e estocagem geológica de CO2. São ações, portanto, em prol da transição energética”, declarou Mendes.
Sobre o projeto ApexBrasil
A ApexBrasil e a Unica divulgaram, em 2008, uma estratégia para promover produtos sucroenergéticos globalmente. Contudo, com foco no etanol brasileiro como energia limpa e renovável. As entidades, então, assinaram um convênio com investimentos compartilhados. O projeto visa, assim, influenciar a construção de imagem do etanol e derivados da cana-de-açúcar entre governos, meios de comunicação, empresas de trading, investidores, importadores, ONGs e consumidores, destacando, certamente, sua sustentabilidade.
Fonte: Datagro