As condições de seca no norte do Brasil estão causando problemas logísticos devido aos baixos níveis de água nos principais cursos d’água da bacia amazônica, o que faz com que os embarques de grãos e oleaginosas sejam desviados para os portos do sul”, disseram fontes ao AgriCensus.
As casas comerciais estão supostamente transferindo volumes do Arco Norte, que compreende a rede de logística terrestre e aquática que liga fazendas do interior aos portos do norte e nordeste do país, para o porto de Santos, no sudeste, de acordo com o relatório de 11 de outubro.
“Os volumes deslocados para o sul foram principalmente de milho“, disseram as fontes.
“Os comerciantes estão adaptando a logística de Miritituba. Este local abriga um vital porto fluvial do Arco Norte. Agora, eles preferem Rondonópolis, que possui uma ferrovia direta para Santos”. Esse relato foi feito por Victor Martins, gerente de risco da América Latina na Amius, em declaração ao AgriCensus.
Segundo fontes, a situação está afetando o tempo de espera no porto de Santos. Anteriormente, eram 8 a 9 dias; agora, chega a 13 a 16 dias, conforme o relatório atual.
“Os atrasos podem impactar o ritmo das exportações de soja por Santos. Isso pode favorecer os exportadores dos EUA. Essa situação ocorre de outubro a fevereiro”, disse Martins.
Ameaça de seca nas rotas de exportação de grãos no Brasil preocupa especialistas
Embora as interrupções na logística do Arco Norte não fossem graves no momento do relatório, havia preocupações. Temia-se que a seca em curso pudesse afetar as exportações brasileiras.
“A sazonalidade [seca], contudo, dos rios na região amazônica entre setembro e dezembro é histórica e bem conhecida”, disse a Hidrovias do Brasil, proprietária de terminais portuários que lidam com o transporte de soja e milho pelas hidrovias amazônicas, em uma nota.
A empresa acrescentou que as condições de seca mais intensas este ano ainda não afetaram severamente as operações de navegação nas hidrovias usadas para o transporte de produtos agrícolas.
A situação foi mais grave, contudo, no rio Amazonas, que não era uma rota tradicional para produtos agrícolas, segundo o relatório.
No final de setembro, a Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (ABAC) disse que a capacidade de transporte pelo rio Amazonas poderia cair em 50% até o final de outubro e, na semana do relatório, as operações portuárias em Manaus estavam restritas devido aos baixos níveis de água.
Com base nos padrões históricos, as chuvas devem retornar ao norte até novembro, aliviando os ventos contrários logísticos na região, disse o relatório.
“No entanto, a previsão deste ano aponta para um padrão climático El Niño. Tradicionalmente, esse fenômeno traz condições mais secas no norte e nordeste do Brasil. Essa situação poderia causar problemas adicionais para o transporte de grãos e sementes oleaginosas pelos rios da Amazônia.” O AgriCensus destacou esse ponto.
Fonte: Oils & Fats International