Ibovespa reduz fôlego após superar 122 mil pontos um dia após BC cortar Selic



Imagem: Adobe Stock


O Ibovespa mostrava uma variação tímida nesta quinta-feira, perdendo o fôlego dos primeiros negócios, quando subiu quase 1,5% reagindo à decisão do Banco Central de cortar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 13,25% ao ano, em um movimento mais forte do que o esperado pela maioria no mercado brasileiro.

No comunicado que acompanhou o anúncio do primeiro corte da taxa básica de juros em três anos na véspera, em uma votação dividida, o BC ainda sinalizou novos cortes equivalentes nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

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Às 11:12, o Ibovespa subia 0,13%, a 121.013,41 pontos, tendo chegado a 122.619,14 na máxima até o momento, com uma bateria de resultados corporativos também em análise, incluindo os números de Prio, Ambev, CSN e Suzano.

O volume financeiro no pregão somava 6,8 bilhões de reais.

A bolsa brasileira já vinha precificando há meses a perspectiva de corte da Selic no segundo semestre, apoiada, entre outros fatores, em uma melhora relevante em dados de inflação corrente e projeções, além de avanços em pautas no Congresso, incluindo a nova regra fiscal e a reforma tributária.

Até a quarta-feira, porém, não havia um consenso sobre a magnitude do corte. Pesquisa da Reuters com 46 economistas publicada na semana passada mostrou que 36 esperavam redução de 0,25 ponto, enquanto dez aguardam uma queda de 0,50 ponto. Na curva de DI, também havia divergências.

Para economistas do UBS BB, o aspecto mais importante do comunicado do Copom que acompanhou a decisão foi a sinalização de várias reuniões em direção a um ritmo de 0,50 ponto.

“Essa escolha provavelmente foi feita para evitar uma ampla gama de expectativas sobre o ritmo das taxas para as próximas reuniões. Muito provavelmente, 0,50 ponto será a norma até o final do ano”, afirmaram Alexandre de Azara e equipe em relatório enviado a clientes.

A decisão do Copom impulsionava principalmente ações de empresas mais expostas ao mercado local, mais sensíveis a juros, como construtoras, assim como papéis de consumo. Mas o ambiente relativamente desfavorável a risco no exterior acabava minando uma reação mais positiva do Ibovespa.

De acordo com a gestora de renda variável da Fator Administração de Recursos Isabel Lemos, uma parcela significativa do Ibovespa é composta por papéis expostos ao mercado externo, o que acaba pesando. Mas ela ressaltou que o importante é que o ciclo de queda da Selic começou.

“Ao longo do tempo, vendo reduções de juros — que são resposta à consolidação de inflação mais baixa e a uma visão melhor do fiscal — acreditamos na melhora de aversão a risco, dando continuidade na melhora do mercado de renda variável, principalmente em alguns setores via empresas selecionadas.”

No exterior, os preços do petróleo avançavam, mas os futuros do minério de ferro recuaram na Ásia com preocupações sobre restrições à produção de aço da China e perspectivas de recuperação do setor imobiliário local em dificuldades. Em Nova York, o S&P 500 caía 0,33%.

DESTAQUES

– EZTEC ON ganhava 4,71%, a 23,36 reais, e CYRELA ON ganhava 3,78%, a 25,01 reais, com ações de construtoras apoiadas em perspectivas de continuidade na queda dos juros. O índice do setor imobiliário na B3 subia 2,2%. Fora do Ibovespa, TENDA ON saltava 10,41% tendo também resultado do trimestre no radar.

– PRIO ON valorizava-se 3,56%, a 46,86 reais, após balanço do segundo trimestre mostrando lucro líquido de 184,6 milhões de dólares, alta de 32% ante igual período de 2022. As ações também tinham como pano de fundo a alta dos preços do petróleo no exterior. No setor, PETROBRAS PN, que divulga seus números após o fechamento nesta quinta-feira, subia 0,92%.

– SUZANO ON avançava 1,8%, a 48,75 reais, uma vez que a companhia registrou lucro líquido de 5,08 bilhões de reais no segundo trimestre, em desempenho muito maior em comparação ao lucro de 182 milhões de reais no mesmo período do ano passado. O Ebitda ajustado, porém, teve queda de 38%. Executivos da Suzano afirmaram que veem custos em tendência de queda no segundo semestre.

– AMBEV ON recuava 0,47%, a 14,98 reais, distanciando-se da máxima do dia de 15,45 reais vista mais cedo, conforme investidores analisam a queda de 15% no lucro líquido do segundo trimestre ante o mesmo período do ano anterior, para 2,6 bilhões de reais. A companhia, porém, cortou perspectiva para o custo dos produtos vendidos (CPV) por hectolitro no ano.

– ALPARGATAS PN perdia 4,1%, a 9,12 reais, tendo no radar relatório de analistas do JPMorgan cortando a recomendação para os papéis para “neutra” e reduzindo o preço-alvo de 9,50 para 9 reais. Para Joseph Giordano e equipe, os resultados ruins no curto prazo e as iniciativas de “turnaround” limitam a visibilidade sobre os planos para o longo prazo da dona da Havainas.

– ELETROBRAS ON caía 3,33%, a 37,14 reais. ELETROBRAS PNB perdia 2,85%.

– CSN ON mostrava decréscimo de 2,78%, a 12,93 reais, com agentes financeiros também analisando o resultado do segundo trimestre, que mostrou lucro líquido de 283 milhões de reais, recuo de 23% frente a igual etapa do ano anterior, pressionada por queda nos preços de minério de ferro e aumento de custos no negócio de siderurgia. VALE ON cedia 0,3%.

– BRADESCO PN recuava 0,24%, a 16,63 reais, antes da divulgação do balanço do período de abril a junho, após o fechamento do mercado. No setor, ITAÚ UNIBANCO PN tinha queda de 0,45%, a 28,49 reais.

Fonte: Paula Arend Laier | Notícias Agrícolas

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